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Uma família dedicada ao folclore

O acordeão e a concertina fazem parte da sua vida

Na tocata do Grupo de Danças e Cantares da Chamusca e do Ribatejo existe uma família de acordeonistas. Um caso raro de amor à música e de entrega a um projecto cultural que é o orgulho das gentes da Chamusca.

Na Chamusca existe uma família dedicada ao folclore na sua vertente musical, que tem como curiosidade o nome de Paulo comum a todos os seus quatro elementos. O Paulo Vicente (Durão), a sua mulher Paula, e os dois filhos do casal, o Paulo Daniel e o Luís Paulo, fazem parte do Grupo de Danças e Cantares da Chamusca e do Ribatejo, um agrupamento de folclore que representa o concelho e a região com grande dignidade.São ainda jovens e aceitaram com alguma relutância falar para O MIRANTE. “Temos orgulho no que fazemos, consideramos o Grupo de Danças e Cantares da Chamusca e do Ribatejo o nosso pequeno mundo, mas não gostamos muito de protagonismos. Somos pessoas simples e gostamos de alinhar no grupo por amor à camisola”, disse o Paulo.O Paulo Vicente tem 40 anos e é electricista profissional. O gosto pela música e a escolha do instrumento foi-lhe ditado pelo pai, que tocava acordeão. “Em criança ficava extasiado a ouvir o meu progenitor a ensaiar ou a tocar”. Mas, curiosamente, iniciou-se na música e aprendeu a tocar acordeão com João Sá. “O meu pai tocava por ouvido, não sabia música e nunca me quis ensinar. Quando o João Sá, um músico com todas as letras, decidiu formar uma espécie de escola de acordeõ, fui logo para lá e foi com ele que aprendi. Contei sempre com a ajuda do meu pai que depois sim me ajudou muito”.Recordações da sua vida dedicada ao folclore não lhe faltam, já que foi dançarino no extinto Rancho Folclórico e Infantil do Centro Cultural da Chamusca, na altura ensaiado pelo seu pai. Foi ali que “piscou o olho” ao seu par, a Paula, que é agora a sua esposa e mãe dos seus filhos, Paulo Daniel e Luís Paulo.O Paulo começou a tocar aos 16 anos, mas a sua mulher, que aprendeu a manusear o acordeão também com João Sá, começou mais cedo, aos 12 anos. É ela que nos conta que a sua vida profissional de cabeleireira, o casamento e o nascimento dos filhos nunca a impediram de estar em todas. “Não é fácil conciliar a vida profissional, de esposa e de mãe, mas como toco com gosto, tudo se consegue harmonizar”.Quem sai aos seus…Paulo Daniel e Luís Paulo são os dois filhos do casal que, com a timidez própria da sua curta idade, contaram a O MIRANTE, com indisfarçável orgulho, o quanto admiram e gostam dos pais. O Paulo Daniel, de 11 anos, quando for grande quer ser músico. Já toca concertina, um instrumento que é difícil, mas quer aprender muito mais. “Tenho o sonho de tocar numa grande banda ou numa grande orquestra”.O Luís Paulo é a mascote da família. Tem apenas quatro anos e, senhor de uma vivacidade extraordinária, já dança no grupo infantil e grita bem alto que “quero tocar o mesmo que o meu irmão”. “São os ciúmes próprios das crianças, mas já gosta de nos ouvir e de vez enquando vem mexer nos botões do acordeão”, diz embevecida a mãe.Nos ensaios ou nas actuações do Grupo de Danças e Cantares da Chamusca e do Ribatejo lá estão os quatro elementos da família, os três mais velhos a tocar e o Luís Paulo a ensaiar os primeiros passos do folclore. “O folclore é para nós um caso de amor, sabemos tocar outras músicas, mas é na dança popular que nos sentimos bem. Já estamos no Grupo desde 1984 e fazêmo-lo por amor à camisola”, dizem em uníssono o Paulo e a Paula.O amor à música ajuda a manter o vigor físico e todos garantem que nunca sentiram dores nas costas. “Mais difícil do que as actuações são os desfiles, pelo tempo que temos que esperar e também pela concentração que temos que ter para ir a andar e a tocar, mas tudo tem corrido bem”, garante o Paulo.Contudo, às vezes acontecem pequenos percalços. “Já tem acontecido um ou outro ter um erro a meio de uma música e no fim já temos discutido com calor”, diz Paula. Paulo recorda a história que aconteceu numa actuação do rancho. “Há alguns anos, numa actuação fora da Chamusca, a apresentadora anunciou uma música, nós tocámos outra e os dançarinos dançaram a anunciada e curiosamente no final tudo deu em bem e fomos muito aplaudidos”, conta com alegria o Paulo.Porque nem sempre a realidade é cor de rosa, o Paulo e a Paula têm que tocar outros instrumentos lá em casa. As notas escolares do Paulo Daniel, até agora na primária, têm sido muito boas. Agora vai para o segundo ciclo, por isso vão estar ainda mais atentos. Coordenar os interesses da família com a actividade do rancho nem sempre é fácil no seio desta família de acordeonistas da Chamusca, que ajudam a manter viva uma tradição que é motivo de orgulho das gentes da vila e do concelho.

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