uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Um professor de matemática que queria ser electricista

Um professor de matemática que queria ser electricista

Vítor Gaspar, presidente da Junta de Freguesia de Santa Iria da Ribeira de Santarém

Tem 39 anos, é solteiro e professor. Gostava de ser engenheiro electrotécnico e tem o desejo de tornar a vida dos idosos mais feliz. Vítor Gaspar é o presidente da Junta de Freguesia da Ribeira de Santarém

Fala pelos cotovelos. Ficou assim quando exerceu as funções de vendedor de publicidade em jovem. Nessa altura, Vítor Gaspar, 39 anos, professor de Matemática e presidente da Junta de Freguesia da Ribeira de Santarém, tinha que trabalhar para poder estudar. Já que vinha de famílias humildes. Mesmo assim considera-se uma pessoa reservada. O autarca estudou na escola primária da Ribeira. Depois foi subindo os degraus da escolaridade a pulso. Queria ser engenheiro electrotécnico, mas como não era possível conjugar os horários das aulas com o trabalho foi para matemática. Ainda hoje se fascina a olhar para um quadro eléctrico. É uma espécie de magnetismo. Deslumbra-o saber que de uma série de botões controla tudo. Como andava sempre em engenhocas, a desmontar máquinas, a fazer experiências eléctricas, apanhou muitos choques. Mas isso não fez esmorecer a sua paixão. Ainda hoje costuma fazer uns esquemas eléctricos. Chegou a ser professor de electrotecnia na Escola Secundária Ginestal Machado, em Santarém. Na altura tinha o 12º ano de escolaridade. Desde muito novo que teve de ajudar em casa, já que o pai morreu quando Vítor tinha dez anos. Ainda não casou porque, diz, não tem tempo. Nos poucos tempos livres gosta de visitar a família em Torres Vedras e adora ir à praia de Santa Cruz ouvir o mar, sobretudo no Inverno. “Pensa-se muito bem ali”, sublinha. Vítor Gaspar gosta de beber uns copos com os amigos. Não é muito dado a culinárias. Apenas consegue fazer alguns bolos. Por isso, o professor que reside em S. Domingos, populoso bairro de Santarém, costuma comer no refeitório da Escola do Cartaxo, onde dá aulas. Outras vezes come pelos cafés da Ribeira de Santarém. Gosta de ler, mas sempre que pega num livro depara-se com um problema. Ao fim de pouco tempo de leitura adormece. As suas leituras são preferencialmente sobre temas da sua área profissional. Apesar de ter nascido numa localidade ribeirinha, não sabe muito bem pescar no rio. Mas quando vai com os amigos para o Algarve costuma ir à pesca de barco no alto mar. “Saímos de manhã cedo para ir apanhar o almoço. Às vezes a coisa não corre bem e temos que fazer a pesca na lota ou no mercado”, diz em jeito de brincadeira. Vítor Gaspar não gosta do silêncio. A música acompanha-o em tudo. No carro, quando está a trabalhar em casa... “Estou aqui e sinto que me falta um som de fundo”, diz olhando para o salão da junta de freguesia onde decorre a conversa. As suas preferências musicais vão para a música brasileira. Gosta de Caetano Veloso. Abraçou a carreira política, como presidente da junta de freguesia, porque quer tornar melhor a vida das pessoas que conhece, que fazem parte da sua infância e do seu presente. No futuro gostava de fazer algo pelos idosos. “Sinto o desencanto do final da vida. Ando sempre a pensar o que se pode fazer por estas pessoas para lhe proporcionar um final de vida feliz, sem que estejam num lar à espera da morte”, explica.
Um professor de matemática que queria ser electricista

Mais Notícias

    A carregar...