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“Um grupo de forcados não é um bando de malfeitores”

“Um grupo de forcados não é um bando de malfeitores”

Cabo do grupo de forcados de Santarém, o mais antigo do país, fala da festa brava

O cabo do grupo de Forcados Amadores de Santarém, que está a comemorar os 90 anos de actividade, considera que os forcados têm uma imagem a defender e devem portar-se com educação.

Os forcados não podem ser vistos como um bando de malfeitores, de bêbados e arruaceiros. A opinião é do cabo do grupo em actividade mais antigo do país, os Amadores de Santarém. Pedro Graciosa entende que a imagem da forcadagem deve contribuir para a grandiosidade e manutenção da festa brava. Mas, ressalva, “um grupo de forcados também não é um grupo de santos”. O grupo, que este ano comemora 90 anos de existência, é muitas vezes apelidado de “grupo de meninos bem”. “Não somos mais nem menos que os outros grupos, mas temos uma história e uma tradição a defender”, comenta Pedro Graciosa. E acrescenta que não basta querer ou saber pegar toiros para entrar no grupo. Para o cabo, os elementos de um grupo de forcados têm que ser boas pessoas, educadas e que não causem mau ambiente no seio da equipa. “Um grupo não se junta para pegar uma ou duas corridas”, sublinha para explicar que os elementos do Grupo de Forcados Amadores de Santarém (GFAS) são amigos fora da praça, juntam-se, convivem, jogam futebol...Pedro Graciosa admite claramente que os forcados pertencem a uma elite. “É um grupo elitista porque nem todos podem ser forcados. Para pegar toiros é preciso ter espírito. É preciso ir à luta e não virar as costas aos toiros como outros fazem”, diz o cabo, reforçando que se não for uma elite um grupo de forcados torna-se uma “coisa banal”.A rivalidade entre os grupos, que muitas vezes acabava em cenas de pancadaria, também é uma imagem que já está a desaparecer. “A competição deve existir dentro da praça. Cá fora as rivalidades devem transformar-se em amizades”, considera o cabo do GFAS. E sublinha que se acontecem brigas é com pessoas mal formadas, por questões de bairrismo, que diz não aprovar. Considerados os parentes pobres da festa, por ganharem um cachet que mal dá para o jantar e para a gasolina, a profissionalização não é bem vista pelo cabo do grupo de Santarém, residente em Lisboa. A característica amadora dos grupos, defende, é o que faz com que “haja entrega” na hora de enfrentar o animal. Pegar toiros é uma mística que Pedro Graciosa não consegue traduzir em palavras. “Às vezes até penso que os miúdos são malucos, quando os vejo a levar porrada dos toiros e a voltar para dentro da praça”. Puxando dos galões, diz ainda que o GFAS não aceita partilhar a praça com grupos que actuam com ligeireza, que são desordeiros e que dão um mau espectáculo. A antiguidade do grupo, a sua história feita por forcados oriundos de famílias da classe alta, permite-lhe ter este posicionamento. “Talvez seja por isso que nos chamam o grupo dos meninos, mas não me importo”, comenta.
“Um grupo de forcados não é um bando de malfeitores”

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