Não se admire se este ano se cruzar com uma mulher de chapéu à “vaqueira” e calças de ganga justas durante a feira de Outubro, em Vila Franca de Xira. É apenas uma das 16 componentes do “Hat’s Bar” – um grupo de mulheres empenhado em provar que a tertúlia do Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira não é só para a classe.Durante a feira anual de Vila Franca de Xira, que decorre de 30 de Setembro a 8 de Outubro, o grupo quer transformar o espaço de convívio dos forcados num local de passagem obrigatória para os visitantes da feira.“Muitas pessoas pensam que a tertúlia é só para forcados. Nós queremos acabar com esse preconceito”, garante Cláudia Beleza, 29 anos, descendente de um elemento do grupo de forcados.Durante os nove dias da feira as namoradas, esposas, irmãs, mães e filhas de forcados irão chamar mais público à tertúlia ao som da música seleccionada por Dj’s e das sevilhanas (ver caixa com programa).“Acompanhamos os nossos familiares há muitos anos e apercebemo-nos de que as pessoas estão a perder o gosto pela festa. Estamos decididas a lutar para que a tradição não acabe”, garante Fátima Oliveira, uma das seniores do “clube do chapéu”, que tem sócias dos 16 aos 46.As 16 mulheres são mais do que familiares dos forcados. Vivem intensamente a festa brava, acompanham habitualmente os treinos e as corridas, ajudam os forcados nos fardamentos e comemoram em conjunto os triunfos. É por isso que estão decididas a dar mais notoriedade à festa. A maior parte dos homens não se pronuncia com a intromissão - alguns ainda nem sabem da novidade - e até agradecem a publicidade.No ano passado “as mulheres dos forcados” entraram na arena no dia da garraiada para assinalar o final de época. Pegaram literalmente os animais pelos cornos, mas este ano decidiram direccionar as forças para uma actividade ligeiramente mais suave.Durante a feira anual de Vila Franca de Xira, que arranca já sexta-feira, os recantos do Largo da Misericórdia, mesmo em frente à Tertúlia dos Forcados, vão dar lugar à animação.As 16 mulheres tiraram férias do emprego e dos estudos e preparam-se para uma jornada intensa de trabalho. Este ano elas estarão do lado de lá das tranqueiras durante a feira. “Mas nunca se sabe quando uma de nós pode saltar lá para dentro…”, avisam.Ana Santiago