Aos 35 anos e depois de mais de um ano parado devido a lesão, Lista, capitão do Amiense, decidiu a semana passada terminar a sua carreira de futebolista, iniciada há 20 anos no clube da sua terra e que o levou a jogar no Mirense, Alcanenense e Abrantes.O azar bateu-lhe à porta num jogo treino com o Monsanto, na pré-epoca do ano passado, a uma semana do início do campeonato, quando se lesionou no ligamento cruzado interior e na cartilagem do joelho. De então para cá o jogador nunca mais esteve em condições para jogar futebol, apesar do esforço e das tentativas que fez ao longo destes meses.“Tive sempre vontade de recuperar mas não dava mais e aos 35 anos cheguei à conclusão que não valia a pena estar a piorar as coisas até porque não posso descurar a minha vida profissional”, disse o jogador ao nosso jornal.Lista começou a jogar aos 16 anos nos juniores do Amiense. Ficou três anos no clube e, com apenas 20 anos transferiu-se para o Mirense, na segunda divisão, onde jogou com jogadores como Paulo Santos, actual guarda-redes do Braga, Ulisses Morais, treinador do Gil Vicente e Casquilha, que ainda joga na Superliga.Esteve lá um ano como profissional e depois transferiu-se para o Alcanenense onde esteve quatro épocas e conquistou os títulos de campeão distrital de Santarém e o título da terceira divisão nacional. Depois regressou ao Amiense, onde acabou a carreira saindo apenas uns meses para jogar no Abrantes.Uma experiência que não correu bem e que Lista confessa que foi um dos piores momentos da sua carreira. “Fiz dois erros nesse ano: foi ir e foi vir. Saí porque me ofereceram melhores condições financeiras mas quando não nos sentimos bem num sítio não vale a pena insistir. Ao fim de um mês e meio em Abrantes apanhei dois jogos de castigo e no jogo seguinte não fui convocado. Falei com o mister José Vasques e regressei a Amiais. Mas devia ter lá ficado até final da época, ser lá campeão e depois regressar então”, reconhece agora o futebolista.No sentido oposto, a passagem para o Mirense, com apenas 20 anos, e os títulos no Alcanena foram momentos marcantes, mas o melhor foi mesmo jogar no Amiense. “É um clube muito grande e só quem cá joga é que sabe como é”, diz o atleta que no entanto alerta para o facto da mística do clube se estar a perder sobretudo porque a equipa tem cada vez menos jogadores da terra.Vinte anos não são vinte dias e Lista não se arrepende de todos estes anos que jogou futebol. Fez muitos amigos e viveu momentos inesquecíveis mas reconhece que nem tudo são rosas. “Quando ganhamos todos nos batem nas costas mas quando perdemos ninguém nos liga. É um mundo cão e quando me lesionei é que vi quem eram os amigos. É como tudo. Apanhamos pessoas boas e más mas só quem passa pelo balneário é que sente o que é o futebol”, afirma.Treinador à espera de conviteJá com saudades do “cheiro” do balneário, Lista não quer esperar muito para voltar ao futebol, agora como técnico. Tem o curso de treinador de nível 1 e quando surgir novo curso vai tentar tirar o nível 2.“Acho que nasci para o futebol e quero treinar uma equipa. Sei que há muitos treinadores e que quando tirei estavam lá 140, mas a partir de agora estou disponível e quando surgir a oportunidade não vai desperdiçá-la”, disse a O MIRANTE.Lista já treinou os juniores do Amiense mas não nega que um dos seus grandes objectivos é treinar a equipa sénior do clube. “Treinar o Amiense é um sonho e já o disse mais que uma vez que qualquer treinador do distrito queria estar no lugar do Cláudio Madruga. Mas treinar o Amiense não é fácil. Tem que se conhecer a casa primeiro e depois tentar a sorte. Sei que um dia vou treinar o Amiense, não tenho nenhum problema em afirmá-lo. Agora quando será, só o tempo o dirá”.Fã incondicional de Rui Gaivoto, seu ex-colega e ex-treinador, que muito o ensinou, Lista aprecia também as qualidades de Gabriel Barra, que em sua opinião, só não teve mais sucesso no Amiense porque na altura defrontou-se com equipas muito fortes como o Rio Maior e o Abrantes.