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Partilhar a leitura de Redol em grupo

Leitores juntam-se para abordar obras de escritores de Vila Franca

Baptista Bastos moderou a conversa de um grupo de 25 leitores de “Gaibéus”. O livro de Alves Redol foi o protagonista da primeira sessão de “Leituras Muito Cá da Casa” em Vila Franca de Xira.

A Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira está a promover sessões de discussão e compreensão da vida e obra de Alves Redol e Soeiro Pereira Gomes. Aos sábados à tarde, a comunidade de leitores reúne-se e partilha a experiência da leitura das obras destes dois autores vilafranqunses, destacando o seu significado social e literário na sociedade portuguesa.“Leituras Muito Cá de Casa”, nome da iniciativa, arrancou com a análise de um dos ícones da literatura portuguesa: “Gaibéus” escrito por Alves Redol, em 1939. Considerada a obra que marcou o aparecimento do movimento neo-realista em Portugal, “Gaibéus” retrata a realidade dos trabalhadores que vinham da Beira Baixa e Alto Ribatejo para a monda e ceifa do arroz nas lezírias.A primeira sessão realizou-se na Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira, no sábado, dia 24. O jornalista e escritor Baptista Bastos, moderador das sessões, leu alguns trechos de “Gaibéus” e transportou a audiência para uma realidade distante, trazida pela mão de Alves Redol. O quotidiano duro e de exploração dos gaibéus foi recordado e da audiência surgiram as histórias de vidas sofridas de avôs e bisavôs de alguns dos presentes.A sala da biblioteca recebeu cerca de 25 pessoas, na sua maioria professores, de diversas faixas etárias. Muitos ouviram em silêncio, até porque não leram ainda a obra em discussão, mas outros não resistiram a demonstrar a sua admiração por Alves Redol.Baptista Bastos recordou também a ternura e respeito sempre presente na obra do escritor emblemático de Vila Franca e destacou a sua importância em trazer à luz dos dia as dificuldades dos trabalhadores de então, um fundamento do neo-realismo. A sessão foi também aproveitada pelo moderador para denunciar o que apelida de uma “ofensiva contra a literatura portuguesa” actualmente em curso, no país.As duas horas de sessão não chegaram no entanto para explorar todo o complexo universo de “Gaibéus”. Por isso a segunda sessão, no próximo sábado, 7 de Outubro, irá novamente focar esta obra marcante da literatura portuguesa. Ao todo serão sete sessões, de quinze em quinze dias, que vão decorrer até 17 de Dezembro. As sessões serão repartidas pela discussão da vida e obra de Alves Redol e de Soeiro Pereira Gomes, outra incontornável figura da literatura portuguesa. Todo o movimento neo-realista e os seus principais actores, que conviveram com os Alves Redol e Soeiro Pereira Gomes, serão também revisitados. As comunidades de leitores surgiram na sequência de um programa lançado pela Fundação Calouste Gulbenkian. Como explica uma das responsáveis da iniciativa , a bibliotecária Isabel Santos, o projecto da Gulbenkian foi lançado há três anos e visava a promoção da leitura. A divisão de Bibliotecas da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira candidatou-se com a iniciativa das comunidades de leitores.Já no início deste ano, em Fevereiro, tiveram lugar sessões dedicadas a Álvaro Guerra, outro escritor vilafranquense. Estas sessões decorreram na Biblioteca Municipal da Quinta da Piedade, na Póvoa de Santa Iria, e tiveram como moderador o escritor José Fanha. As inscrições para as sessões agora a decorrer já terminaram, foram abertas 30, e Isabel Santos considera que a adesão foi boa, tal como tinha acontecido em Fevereiro. Em relação ao modo de funcionamento, as obras seleccionadas para leitura e discussão são previamente oferecidas aos participantes.No âmbito desta iniciativa, a bibliotecária refere que foram feitas sessões de leitura em voz alta destes três autores em instituições sociais da Misericórdia de Vila Franca de Xira. Também está já agendada uma exposição, para o dia 18 de Outubro, no átrio da Biblioteca Municipal de Vila Franca uma exposição sobre os escritores contemplados nas sessões. Sara Cardoso

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