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“Ser mediador não é espalhar cartazes”

Américo Bernardes dedicou-se ao ramo imobiliário já depois de reformado

Quando se reformou da banca, Américo Bernardes foi ajudar a filha na empresa de mediação imobiliária, em Vila Franca de Xira. Acabou por apaixonar-se pela profissão e abraçar uma nova carreira. Hoje é o gerente da Predial Xira.

Américo Bernardes, 66 anos, sobe as escadas íngremes da sede da Predial Xira, na Rua Serpa Pinto, em Vila Franca de Xira, e senta-se do lado de lá da secretária. Sobre a mesa desdobram-se informações técnicas, legislação e vários contactos. Tudo o que precisa um mediador imobiliá-rio para exercer a profissão.O gerente da Predial Xira compara a sua actividade à profissão de médico ou enfermeiro. “É preciso ter o conhecimento consolidado para cumprir bem a função. Ser mediador não é andar a espalhar cartazes”, garante. Américo Bernardes está no ramo há 12 anos. Dedicou-se à profissão depois de reformado como funcionário bancário. A empresa, propriedade da filha, precisava do seu apoio e o ex-bancário não recusou o desafio. Hoje, aos 66 anos, é o gerente da firma e aprecia o trabalho que faz. O empresário considera que hoje em dia a profissão está mais credibilizada. O mediador imobiliário tem formação específica para aconselhar bem o cliente durante a transacção. Marketing, estudos de mercado, fiscalidade e técnicas de construção são algumas das áreas aprofundadas pelos agentes.A legislação que está constantemente a ser publicada obriga os profissionais a uma constante actualização. A reforma da tributação do património e a ficha técnica das habitações são dois exemplos de medidas novas para o sector.“Costumávamos dizer na nossa gíria que havia mais mediadores que benfiquistas. Hoje a mediação imobiliária já não é uma actividade de desempregados e reformados”, sublinha.A actividade imobiliária é muito sensível às crises de confiança do país provocadas pelas mudanças de Governo e por isso o papel do mediador é também o de tornar a incutir a confiança no cliente.“Temos que tentar fazer ver ao cliente que a altura é boa para comprar. A crise e as reformas vieram travar a especulação imobiliária que existia. Houve redução de preços”, argumenta.É por isso também que a actividade de mediador imobiliário é flutuante. Há dias em que os contactos não dão frutos, mas em determinadas alturas podem surgir vários negócios ao mesmo tempo. É no Inverno que mais se vende na zona de Vila Franca de Xira.“Decidir comprar uma casa não é a mesma coisa que ir à loja e escolher umas calças”, ilustra o mediador. Na empresa o cliente tem todo tempo e serenidade para decidir-se. Américo Bernardes é contra a persistência.A filosofia de empresa também lhe traz algumas desvantagens. Como a falta de rentabilidade para determinado volume de trabalho. “Por vezes o cliente ocupa-nos muitas horas e acaba por decidir virar costas”, revela. Esta é a maior dificuldade do mediador, mas faz parte do risco da profissão.A sua verdadeira gratificação é sentir que o cliente faz a melhor opção. Américo Bernardes tem por hábito acompanhar todo o processo de compra de casa até ao pedido de isenção de contribuição.Os alugueres de habitações também existem, mas hoje em dia representam uma minoria. O ex-bancário ainda conheceu a realidade de uma época em que os empréstimos para compra de casa ainda não estavam massificados. Vivia-se sobretudo do aluguer. Hoje o cenário inverteu-se e é a compra que motiva a maior parte de quem procura casa.Um horário rígido é coisa que não existe em mediação imobiliária. Os profissionais têm que estar disponíveis para quando o cliente tem disponibilidade. Muitas vezes ao fim de semana ou em horário pós-laboral.Américo Bernardes já se habituou às regras da profissão. Com a mesma naturalidade que abraçou a actividade imobiliária, depois de muitos anos a fazer carreira profissional na banca.Ana Santiago

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