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Desenhar com o fogo

Desenhar com o fogo

Luís Moura, artesão de Vialonga

A pirogravura é uma arte milenar que permite desenhar ou gravar uma imagem com recurso ao fogo. Luís Moura, artesão de Vialonga, descobriu a técnica e não mais a largou.

Apaixonado pelas artes decorativas desde sempre, há dois anos Luís Moura descobriu uma nova paixão: a pirogravura. Definida como a arte de desenhar ou gravar com uma ponta encandescente, a pirogravura é uma técnica milenar que, depois de inúmeras utilizações práticas, actualmente é utilizada na decoração. Luís Moura recorda que um dia um cliente da sua loja de molduras, em Vialonga, lhe pediu para fazer umas placas com letras queimadas. O pedido despertou-lhe curiosidade e comprou um pirógrafo eléctrico, a ferramenta principal da pirogravura. Chegou a fazer um quadro, mas o resultado final ficou aquém das suas expectativas por não dominar as técnicas. Decidiu então contactar um artesão com experiência neste método para aprender todos os truques. Frequentou um curso de cerca de 40 horas com um mestre da pirogravura, de Barrancos, e a partir daí esta arte decorativa passou a ocupar parte significativa do quotidiano de Luís Moura. Para além da pirogravura, este artesão de Vialonga faz também molduras, para o seu estabelecimento comercial, e alguns trabalhos em estanho, também como hobby. No entanto, Luís Moura diz que “neste momento o que me seduz é a pirogravura”. O artesão refere que este é um trabalho “gratificante” que desperta a curiosidade das pessoas. O material necessário para a prática da pirogravura resume-se ao pirógrafo, o aparelho com a ponta incandescente que veio substituir os ferros aquecidos no fogo, ao lápis e à borracha. Quanto às bases de trabalhos, essas podem ser variadas: cartolina, madeira, tecido, couro ou ovos de avestruz. Luís Moura diz preferir trabalhar em cartolina “porque o trabalho sobressai mais”. O artesão explica que um trabalho de pirogravura começa com um esboço feito a lápis, uma vez que com o pirógrafo já não há hipótese de corrigir. Feito o esboço, ajusta-se a intensidade do pirógrafo e “muito lentamente dão-se passagens sobre o desenho, combinando tons escuros com tons claros para criar os contornos”. Em relação às temáticas, a lezíria de Vila Franca de Xira e alguns pormenores arquitectónicos característicos do concelho são, habitualmente, as escolhidas por Luís Moura para os seus trabalhos. Para Luís Moura a grande vantagem deste trabalho é não haver necessidade de sujar as mãos ou lavar material. “Basta ligar o pirógrafo para trabalhar e desligar quando estou farto”, remata. Cansar-se de estar a trabalhar nesta arte é, no entanto, bastante raro. Luís Moura diz que “às vezes quando o entusiasmo é grande fico a trabalhar até de madrugada, quando olho para o relógio é que me apercebo do tempo que passei a desenhar”. Para o artesão de Vialonga a pirogravura tem também fins terapêuticos, ao ser uma forma de descarregar as tensões do dia já que, enquanto está a trabalhar, esquece-se totalmente do mundo. A divulgação do trabalho que faz é feita nas feiras de artesanato. Este ano Luís Moura já expôs os seus trabalhos de pirogravura em Odivelas, São Domingos de Rana, Alenquer e na Feira de Outubro de Vila Franca de Xira. No que diz respeito às vendas, o artesão refere que “tem muito pouca saída para a qualidade de trabalho”. Luís Moura acredita, contudo, que a pirogravura ainda vai ser moda e que nessa altura será dado o devido valor a estes trabalhos. O artesão aproveita, também, as feiras de artesanato para incentivar e despertar o interesse das pessoas para a pirogravura, sobretudo dos mais pequenos. “Peço para que eles peguem no pirógrafo e façam um desenho e eles ficam todos satisfeitos”. Luís Moura refere que esta interacção com as crianças chama, também, a atenção dos pais, representando uma oportunidade para promover esta arte. Sara Cardoso
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