“Estou aqui para quatro anos”
Moita Flores foi recuperar forças em família após a conquista da Câmara de Santarém
É o único caloiro entre os presidentes de câmara que vão tomar posse na região. Passadas as emoções da noite de eleições autárquicas, Francisco Moita Flores foi descansar e pensar nas responsabilidades que tem pela frente.
Quando soube que tinha ganho as eleições para a Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores só pensou em descansar. O ritmo frenético da campanha eleitoral e as emoções vividas até à última hora arrasaram o professor e escritor. “Qual foi o meu primeiro pensamento após saber que tinha ganho? Não tive muito tempo para pensar, mas uma das primeiras coisas de que me lembrei foi da minha cama. Senti que estava o dever cumprido e encontrava-me esgotadíssimo”.A semana seguinte à vitória foi repartida entre o Alentejo e o Algarve. Esteve para viajar para São Tomé, mas o cansaço falou mais alto e preferiu a pacatez de uns dias em família, em que aproveitou também para se demarcar da dieta da campanha eleitoral – “Confesso que já estava um bocado farto de frango assado”. De resto, diz, “escrevi, li muito, passeei, dormi, vi uns filmes que queria ver. E, sobretudo, preguicei…”.Foi o cansaço mas também o feitio que não o deixaram cavalgar a onda de euforia vivida na noite eleitoral. Era uma da manhã e já estava em casa. Pronto para dormir. Quando muitos dos apoiantes ainda festejavam uma vitória que foi renhida. “Não sou homem de grandes excessos. Vejo tudo com alguma sensatez”, diz Moita Flores, lembrando que na sua vida profissional já lidou com muitas experiências extremas que o ajudaram a temperar o carácter.A única coisa que não o tem deixado dormir descansado é a situação financeira da autarquia que vai gerir a partir de 25 de Outubro. “Não há uma hora do dia que não pense nisso”. Da entrada nos meandros da política, que só conhecia superficialmente, ficaram marcas de algum desalento. “Custou-me muito o ambiente de intrigas e boatos. Aliás, fiquei perplexo por ver como isso é constrangedor da discussão pública das coisas”, diz, explicando que não gostou que corresse o rumor de que após a vitória nas eleições entregaria a presidência ao segundo nome da sua lista.“Estou aqui para quatro anos, custe o que custar e doa a quem doer”, garantiu ao nosso jornal, reforçando o que já havia dito na noite da vitória. E não se preocupa com o facto de ir governar em situação de maioria relativa, sempre dependente da aprovação da oposição para fazer passar as propostas. “Todos gostamos de Santarém e queremos o melhor para o concelho, por isso julgo que não vai haver crispação de maior. Não usarei a vitória para humilhar ninguém”, assegura. Moita Flores sabe que a sua vitória não foi muito digerida entre alguns dos seus adversários. Felicitações pessoais pela vitória só recebeu da candidata do Bloco de Esquerda, Ana Prata. Mas isso não o incomodou nem o surpreendeu. O que lhe interessa é que, passada a refrega eleitoral, regressem o “bom senso e a boa fé”.E também a agenda recheada e os dias de canseira. Moita Flores ainda não assumiu funções e já começou a ser solicitado. O almoço da Região de Turismo do Ribatejo no Festival Nacional de Gastronomia, esta segunda-feira, terá sido provavelmente a primeira de muitas almoçaradas em que vai ter de marcar presença.João CalhazVeia literária vai continuar a pulsarMoita Flores vai continuar a escrever romances e guiões televisivos, tal como a colaborar nos jornais e na TV, apesar das novas responsabilidades que a maioria do eleitorado do concelho de Santarém lhe conferiu.O que garante é que não vai escrever crónicas ou ficção sobre Santarém enquanto for presidente da câmara. “Não vou aproveitar essas tribunas para promoção pessoal”, diz, acrescentando que vai é usar os seus “conhecimentos” para promover a cidade e o concelho.“Estou aqui para servir Santarém e não para me servir, seja em nome do protagonismo seja do que for”, diz este sportinguista que a meio da noite de domingo ainda não sabia de nova derrota do seu clube. “Acho bem que percam, para haver uma ruptura”, diz.Mas clarifica o discurso, não vá o seu munícipe José Peseiro, actual técnico dos “leões” de Alvalade, ficar melindrado. “Isto só lá vai com ruptura. E tem que ser grande para meter aquela gente na ordem e reorganizar o clube”.
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