Gastronómico Serafim das Neves
Estive muito atento às movimentações pós-eleitorais de algumas das nossas figuras públicas. Confesso que não foi por interesse político mas por mero interesse calhandreiral. O nosso Jet-set é fracote mas merece um cantinho de coscuvilhice. Senti-me na pele de um paparazzi mas sem máquinas fotográficas nem aparelhos de escuta. Um paparazzi à medida das nossas personalidades. Conversa de café. Notícias soltas nas incipientes secções de fofoca dos jornais locais. Má-língua à hora do almoço. Enfim…O engenheiro Rui Barreiro foi para as Caraíbas. É de homem. Depois do mini-furacão que o varreu da presidência da câmara de Santarém foi à procura de emoções mais fortes. Furacões a sério que por lá é o tempo deles. Desafios à altura de alguém que precisava urgentemente de recuperar a auto-estima. Imagino-o a bramar às tempestadas. A enfrentar os golpes de sol de peito aberto e protector solar 31 nas unhas. A comandar os empregados do hotel ou do navio de cruzeiros como se estivesse ainda ao leme da autarquia.O vencedor Moita Flores ficou em Portugal. Foi preguiçar para o Alentejo. Imagino-o a dormir uma bela sesta à sombra de um chaparro. Os seus munícipes é que não devem achar muita piada ao facto de ele ter trocado Santarém por outras terras. Se ele andou meses a dizer que a cidade tinha parado no tempo, que estava mais adormecida que uma aldeia fantasma do interior porque é precisou de sair daqui para repousar? Mas quem sabe?! Como em matéria de fundos comunitários a Lezíria do Tejo vai ficar ligada ao Alentejo, quem nos diz que o homem não foi já preparar o terreno?? Se calhar fiz mal em optar por esta faceta de paparazzi. Devia era armar-me em comentador político. E o homem diz que não dorme a pensar nas dívidas do município. Imagina uma coisa destas! Só nos faltava agora um presidente com insónias. Mas quem sabe se a falta de sono não é vantajosa. Uma vez também andei com insónias e a minha Maria andava radiante. Cada insónia minha era uma noite de sono para ela. Como eu quando estou acordado não ressono, para ela era um descanso. O Moita Flores ressonará?? Meu Deus, os jornalistas são mesmo uns distraídos. Ninguém lhe colocou esta questão fundamental. E os eleitores também não quiseram saber. Nem sequer a oposição se interrogou sobre o assunto. Que desleixo. Isto é mesmo um país sem solução. Então elege-se um presidente de câmara sem saber se o homem ressona??!!E se ressona, que género de ruído emite. Sopra como uma panela de pressão? Assobia? E com que intensidade? Quantos decibéis pode atingir um eventual ronco presidencial? Alguém se lembra que existe uma lei do ruído?? E se numa tarde de Verão a meio de uma daquelas chatérrimas reuniões do executivo o presidente Moita Flores adormece ao som ronronante da digestão de umas migas de entrecosto?? Uma sesta silenciosa pode muito bem passar por um momento de concentração absoluta no dossier em discussão, mas se a fera do ressonanso existe e se solta entre dois licenciamentos?? Estas situações angustiam-me. O desleixo informativo arrasa-me. Alguém reparou que o Rui Barreiro não usou os famosos suspensórios vermelhos nesta campanha eleitoral? Não. Ninguém reparou a não ser eu. E tu, claro. Algum analista político foi arguto ao ponto de perceber que foi a ausência daquele acessório a causa da derrota eleitoral? Não!!! É o que eu te digo Serafim, ninguém liga a nada. Anda tudo cegueta no reino da política. Depois queixam-se. Depois queixam-se. Os suspensórios da vitória foram menos prezados e a derrota abateu-se como um cinturão sobre os lombos…perdão, os ombros do engenheiro. Ele bem pode amaldiçoar os assessores que escolheu. Saudações calhandreirais do Manuel Serra d’Aire
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