Parece que és bruxo! Já tinha eu planeado escrever esta semana sobre Rui Barreiro e os furacões quando li o teu e-mail e resolvi desistir. Depois de ter sido açoitado pelo ciclone Flores, fustigado pelo furacão Wilma e flagelado pelo tornado Serra D’Aire acho que o homem já merece descanso. Por isso páro por aqui… Até porque, felizmente, não faltam temas nesta região para dissecar com maledicência suficiente para ganhar lugar cativo na lista negra de muita gente. Como aquela do presidente da Câmara de Torres Novas dizer que o Almonda não está poluído pelos esgotos de Torres Novas. Apesar do Ministério do Ambiente dizer que o funcionamento das ETAR do concelho estão ao nível da trampa que despejam no rio.Alega o incontornável António Rodrigues, (também conhecido por A.M.O.R.), que isso é coisa de propaganda eleitoral dos comunistas e atesta as boas qualidades da água dizendo que até se realizam concursos de pesca no rio. Aliás, só a modéstia que o caracteriza o pode ter levado a omitir que costuma tomar umas banhocas no Almonda junto a uma boca de esgoto ali para as bandas de Riachos.Bom, mas deixa-me subir de nível e elevar este escrito até à estratosfera. Sabias que os alunos de uma escola de Ferreira do Zêzere tiveram a quarta melhor média a nível nacional a filosofia nos exames nacionais do 12º ano, com 18,10 valores? E que, ao mesmo tempo, estão entre as quatro piores do país a Português, com 7,44 valores?Caro Manel, aqui há coisa! Como é que uns cábulas que não percebem nada da língua pátria conseguem escrever altas dissertações filosóficas? Quem é que os consegue perceber se eles não sabem alinhar o sujeito com o predicado, os tempos verbais, os artigos? Só se a rapaziada expressa as ideias de Kant e Hegel em alemão ou as de Descartes em francês, por exemplo. Além disso, mais grave ainda, que andam os jovens de Ferreira do Zêzere a fazer para terem notas dessas a filosofia? Os pais não desconfiam desses sinais anómalos? Não vêem que há ali comportamentos altamente desviantes e potencialmente nocivos para a nossa sociedade? Não saber português não tem mal nenhum. Afinal somos tantos nesse barco… Agora filosofar? Tenham juízo rapazes e moçoilas! Já viram as figuras que andam a fazer? Em lugar de se divertirem a jogar à bola ou na marmelada, a fumar uns charros nas traseiras da escola ou a beber uns copos andam com calhamaços da autoria de gajos suspeitos debaixo dos braços e passam longas horas à conversa sobre temas inócuos como a existência de Deus, a dialéctica hegeliana ou as paranóias de Nietsche e de Sócrates (o grego). Francamente…Para o meu modesto entendimento, a única justificação para estes estranhos gostos é que os jovens tenham consagrado o filósofo Manuel Maria Carrilho como modelo e padroeiro. Mas atenção, meus caros, não vão por aí: porque Bárbara Guimarães só há uma e já está ocupada. Aliás, nem sequer está provado que as mulheres bonitas se embeicem por marrões que sabem debitar de cor a Crítica da Razão Pura de Kant ou o Discurso do Método de Descartes. Esse não é, portanto, um bom exemplo.Manel, para acabar de vez com este tema da cultura tão caro aos portugueses, volto a colocar este escrito ao nível que os nossos leitores almejam, uma pergunta foleira: sabias que o Rato foi o primeiro a abandonar o navio? Pois é, eu sei que são trocadilhos baratos, imagens gastas e sem piada, mas tinha de ser. Os nomes prestam-se a estas coisas e se Vasco Rato tivesse assumido o lugar de vereador, para que foi eleito, na Câmara de Vila Franca de Xira não estava agora a ser enxovalhado por um troglodita como eu. Como diria Santo António Guterres: é a vida!Um cardume de bacalhaus do Serafim das Neves