Futuro da Metalgrupo suspenso até ao Natal
Credores da maior empresa do Cartaxo adiam de novo decisão
A esmagadora maioria dos credores da Metalgrupo, a maior empresa do Cartaxo, aprovou uma nova suspensão de uma assembleia que decide o futuro da fábrica até ao dia 20 de Dezembro.O pedido de um novo adiamento foi feito pelo grupo espanhol Hergos SL, que já manifestara o seu interesse em adquirir a empresa numa outra assembleia, realizada no início de Outubro.Na assembleia de credores realizada no dia 9 deste mês, no tribunal do Cartaxo, o director financeiro da Metalgrupo, Paulo Miranda, pediu um novo adiamento, alegando que o grupo espanhol não dispôs de tempo suficiente para elaborar uma proposta de viabilização da empresa.“O projecto é altamente complexo e benéfico para a Metalgrupo”, afirmou Paulo Miranda, que disse estar a colaborar com os investidores espanhóis na execução da proposta.O grupo espanhol, que integra várias empresas, quer investir em Portugal, mantendo a linha de produção da Metalgrupo e inserindo um produto próprio patenteado mundialmente que irá trazer receitas adicionais para liquidar os créditos.Caso a proposta não se concretize, no dia 20 de Dezembro, os credores vão votar o plano de insolvência da empresa, apresentado por uma equipa de economista, que prevê o pagamento controlado de parte dos créditos.No entanto, Paulo Miranda considerou que o actual plano de recuperação “levará à insolvência da empresa porque não é credível” já que se baseia em volumes de facturação muito difíceis de atingir. Se a proposta dos investidores espanhóis “for bem estruturada” a empresa “tem viabilidade económica. Se não, só com o produto da empresa, nem daqui a 20 anos, a Metalgrupo terá viabilidade económica”, disse.Esta posição mereceu a intervenção de um economista da empresa Risa, responsável pelos estudos económicos e renegociação de dívida com a banca que levaram à elaboração do plano de insolvência.Pedro Nunes explicou que o plano partiu de uma primeira proposta de reestruturação dos compromissos bancários, que entretanto foi readaptada. Em seu entender, o plano de insolvência é viável desde que, como refere o documento, se reúnam três pressupostos: a implementação de uma nova dinâmica comercial; a racionanalização de custos; e a deslocalização da empresa para uma outra zona, com instalações mais pequenas e adaptadas à sua actividade e a consequente venda dos terrenos actuais para um projecto imobiliário que gere mais-valias financeiras.Perante a proposta de uma quinta suspensão, a juíza do tribunal do Cartaxo aceitou marcar uma nova assembleia de credores para 20 de Dezembro, estando o grupo espanhol obrigado a apresentar uma proposta de aquisição - que poderá atingir os cinco milhões de euros - até ao final deste mês.O plano de insolvência prevê o pagamento, em 10 anos, de 70 por cento da dívida aos credores privados, com perdão de 30% e dos juros e um período de carência de 18 meses.Em paralelo, o documento prevê a venda das actuais instalações e dos terrenos, uma área com cerca de 50.000 metros quadrados, para fins imobiliários, e a construção de uma nova unidade, mais vocacionada para a caldeiraria (carpintaria de chapa), num processo que levará à redução de postos de trabalho em 2005 e 2006, passando dos actuais 106 para 76 trabalhadores.No entanto, as dúvidas levantadas pelo director financeiros da Metalgrupo levaram os credores a pedir uma revisão do plano de insolvência da empresa, incluindo previsões de facturação mais rigorosas.A Metalgrupo, Sociedade de Construções e Montagens Metalomecânicas, fundada há 26 anos, com um património avaliado em 6,8 milhões de euros, tem neste momento um passivo de 10,834 milhões de euros, mais de um milhão dos quais de dívidas ao BCP, quase outro tanto à Segurança Social e 700.000 ao fisco (IRS e IVA), encontrando-se na lista de credores diversas instituições bancárias, fornecedores e trabalhadores, embora estes não tenham os salários em atraso.OMIRANTE/Lusa
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