O regresso do farnel à antiga portuguesa
Associação de Direitos de Consumo contra preços elevados nas áreas de serviço das auto-estradas
O presidente da Associação Portuguesa de Direitos de Consumo (APDC), Mário Frota, apelou a um boicote parcial dos consumidores às cafetarias e restaurantes das áreas de serviço das auto-estradas para que os preços “exorbitantes” baixem.Para evitar pagar 80 cêntimos por um café, até 1,40 euros por uma garrafa de água pequena ou 2,50 euros por uma sandes de queijo ou fiambre (preços 60 a 90 por cento mais caros que num café normal), Mário Frota aconselha os utilizadores das auto-estradas a voltarem ao “velho farnel”.Até porque, lembra o presidente da APDC, as áreas de serviço têm, na sua maioria, parques de merenda que podem ser aproveitados por quem for abastecido de casa.“Esta é a única arma que os consumidores dispõem para chamar a atenção dos operadores económicos para a situação e provavelmente a única que os levará a baixar os preços”, disse à agência Lusa Mário Frota.A Associação Portuguesa de Direitos de Consumo (tal como a Associação de Defesa do Consumidor - DECO) admitiu à Lusa que recebe poucas ou nenhumas queixas por parte dos utentes destes locais, mas Mário Frota aponta o comodismo das pessoas como responsável por esse comportamento.Do lado de quem vende, duas das principais empresas que exploram serviços de cafetaria e restaurantes nas auto-estradas justificaram à Lusa os preços elevados nas áreas de serviço com os custos de manutenção.O departamento de marketing da Pransor S.A. - que serve entre outras a área de serviço de Aveiras e Leiria (A1) e Palmela (A2) - admite que os seus preços são “completamente diferentes dos de uma cafetaria de cidade” mas justifica-os com os custos do pessoal.Por outro lado, também diz que ajusta os seus preços ao facto de prestar um serviço que tem de funcionar 24 horas por dia, 365 dias por ano.A Pransor dá também como justificação as rendas que tem de pagar à petrolífera que explora as bombas de gasolina, às Estações de Tratamento de Água (ETA) e às Estação Tratamento de Águas Residuais (ETAR).A empresa evoca também a amortização dos edifícios, que findo o contrato de exploração reverte para a petrolífera sem qualquer contrapartida, os custos das matérias-primas acrescidos com o transporte e portagens e ainda com a manutenção e limpeza das casas de banho.Lembra também que cabe ao consumidor decidir se adquire ou não os produtos, dado que os preços “estão devidamente afixados”.Também o director da Eurest - que explora entre outras a área de serviço de Estremoz (A6), Alcácer do Sal e Grândola (A2) e Pombal (A1) - fundamentou os preços com o “investimento muito grande” que é feito na aquisição e manutenção do edifício, que, só durante o período de concessão, pertence à empresa.Os custos de operação para o funcionamento total durante todo o ano, e a limpeza das casas de banho, “um autêntico serviço público” que não é pago pelos utentes, acaba por ter consequências nos preços, adiantou o director da Eurest.Henrique Leite chamou a atenção para o facto de as cafetarias estarem abertas durante toda a noite, muitas vezes com pouca afluência, e ainda para o aparecimento das lojas de conveniência junto às gasolineiras, que têm causado uma redução na procura.Lusa
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