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Juvenil Serafim das Neves

A câmara da Chamusca, andou anos a dar abébias ao povo mas agora que acordou é um regalo ver aquele speed todo. Aumento de impostos municipais, intimação de caloteiros que nem com a água a meio cêntimo por metro cúbico se dignam pagá-la, cortes na subsídio-dependência crónica. Vai tudo raso. A teta municipal secou. Bem podem espremê-la que não deita nada. O Presidente é o mesmo mas aquela ida à Judiciária antes das eleições fez dele um homem novo.A política municipal foi condensada numa frase que poderia figurar num cartaz logo à entrada dos paços do concelho. Quem quer bolota trepa. A última decisão tomada é exemplar. A câmara aceitou encerrar a Escola Primária da Caniceira na freguesia de Vale de Cavalos por só lá andarem 6 crianças quando o número mínimo é 10. Mas antes que as habituais carpideiras começassem a fazer barulho e manifestações avisou logo. A escola volta a abrir quando houver 10 cachopos na aldeia. É bem justo que assim seja, diria a Dona Alzira da minemercado cá do bairro. Isto não é só direitos, também tem que haver deveres. Os cidadãos não podem querer que seja o estado a fazer tudo. As regras estão bem explicadas e não vale a pena insistir. Escolas a funcionar só com dez ou mais alunos. Se o povo da Caniceira se aplicar a fundo, dentro de seis anos a escola reabre. Façam filhos, caraças! Cumpram esse elementar dever de cidadania! Querem uma escola para quê? Para ganhar pó? Encham-na de miúdos e vão ver se ela fecha??!!Se o Ministério viesse com a ideia de fechar a escola no tempo da antiga Câmara da Chamusca, da câmara governada pelo Sérgio Carrinho de antes da ida à Pêjóta, era certo e sabido que haveria protestos inflamados, comunicados da câmara a contestar e declarações para os jornais com a ladainha da exclusão, da interioridade, da discriminação. Agora foi dito e feito. Mais sociedade civil e menos estado. O presidente pode ser comunista mas começa a perceber as vantagens do capitalismo. Começa a perceber porque é que os países de Leste se foram abaixo das canetas. Aquilo era rapaziada que estava sempre à espera que o estado resolvesse tudo. Era como na Chamusca. Água? A Câmara que pague! Casas? A câmara que construa! Filhos? A câmara que os faça! Cidadania não é telefonar para o jornal a pedir para mandarem um jornalista tirar uma fotografia às ervas que estão a crescer no passeio. Cidadania é pegar numa sachola e ir cortá-las. Se em vez de ervas crescessem notas de 100 Euros ninguém telefonava porque andava tudo ocupado na colheita. Eu ainda ontem passei uma hora a capinar. A desbastar uns arbustos que estavam debaixo da varanda da Lurdes. Ela debruçada a ver-me ali a puxar pelo cabedal e eu a encher o peito de ar e a deitar silvas abaixo. Bem que eu podia ter telefonado ao director de O MIRANTE que ele deixava-me publicar uma foto a dizer que o pessoal da câmara não faz nada. Mas o que ganhava com isso? Nada! O vereador das desmatações ficava irritado com o reparo. Dava ordens escrupulosas para ninguém se aproximar daquela zona. E como escrever cartas não faz transpirar nem doer as costas não tinha direito ao banho e à massagem com que a Lurdes fez questão de me agradecer. A cidadania compensa Serafim! Olá se compensa! Depois daquilo tudo senti-me como um grande cidadão! Um cidadão cumpridor! Um cidadão dos tesos! E ainda tive direito a almoço e a uma sesta reparadora. Já ando a adubar o canteiro para ver se as ervas crescem depressa. Não sei porquê fiquei um entusiasta da capinagem.Agora mudado de assunto. Outro autarca que me tem surpreendido é o Moita Flores. O Presidente da Câmara de Santarém. Ainda não passaram dois meses de mandato e o homem já prometeu mais do que eu prometi àquela miúda gira do Liceu que não queria nada comigo mas que eu queria a toda a força. Só espero que ele saiba no que se está a meter. Eu na altura era jovem e inexperiente. Não sabia nada de mulheres. Não sabia, nem sei. Prometi tanto que me vi numa embrulhada de todo o tamanho. Foi uma desgraça. Fiquei a dever dinheiro a toda a gente, não consegui cumprir metade do que lhe tinha prometido e o pior foi que não levei nada dela. Sobre a tua extensa explanação relativa à vida de estudante feita no último e-mail, posso dizer-te que estou de acordo a mil por cento. E desde já te garanto que alinho contigo numa acção praxista de boas vindas aos estagiários que chegaram agora a O MIRANTE. À moreninha de olhos negros vamos pô-la a rebolar na lama para depois a lavarmos à mangueira. Ao calmeirão do computador portátil damos-lhe o tratamento capilar da Agrária. Esfregamos-lhe a tola com bosta e mandamo-lo para o campo entrevistar toiros de lide. O que achas?? Aqueles dois nunca mais vão quer sair do jornal!!Um abraço bem praxadoManuel Serra d’Aire

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