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Livro sobre Cunhal divide comunistas e socialistas

Livro sobre Cunhal divide comunistas e socialistas

Divergências políticas obrigam a duas apresentações de obra de João Céu e Silva em Alpiarça

O clima de crispação entre socialistas e comunistas já dura há algum tempo, após a subida ao poder do actual presidente da Câmara de Alpiarça.

O livro “Uma longa viagem com Álvaro Cunhal” teve que ter duas apresentações em Alpiarça devido às divergências entre comunistas e socialistas. No sábado à tarde a concelhia do PCP promoveu uma apresentação da obra de João Céu e Silva, natural da vila, depois de o livro já ter tido uma apresentação pública no dia 12 de Novembro e na qual marcou presença o presidente da autarquia, Joaquim Rosa do Céu (PS).Alguns comunistas não quiseram estar na primeira sessão para não estarem lado a lado com o presidente do município, com o qual não têm boas relações. Álvaro Brasileiro, um dos protagonistas do livro, que conta histórias da clandestinidade e da luta anti-fascista, foi um dos que não quis estar presente na cerimónia que decorreu na galeria Tintas & Letras.A concelhia do PCP não quer falar no assunto. Os militantes também não dão explicações. Mas nesta segunda apresentação da obra, no salão dos bombeiros e da música, notou-se o clima de crispação. “Há que haver respeito por estes homens e mulheres que num passado muito recente foram muito maltratados em Alpiarça”, sublinhou Ricardo Hipólito que no anterior mandato foi deputado da assembleia municipal pela CDU. Do público, na fase das perguntas, surgiram outros comentários que apontavam para o facto da história de luta dos comunistas de Alpiarça, antes do 25 de Abril de 1974, estar a “ser branqueada e denegrida por alguns”. Álvaro Brasileiro, que não quis dizer porque é que não tinha estado presente na mesma sessão em que esteve Rosa do Céu, também lançou algumas achas para a fogueira. “Há por aí algumas excelências que teimam em denegrir os comunistas”. Esta sessão de apresentação contou com cerca de duas centenas de pessoas. E ficou marcada pelo facto de, pela primeira vez, Maria Eugénia Cunhal, a irmã de Álvaro Cunhal, se ter deslocado à vila.O livro foi escrito numa abordagem diferente. O autor pegou nos contos, nas histórias contadas nos livros de Manuel Tiago (pseudónimo de Álvaro Cunhal) e foi à procura das pessoas que as inspiraram. O livro fala do histórico líder do PCP e faz um retrato do Portugal na época da ditadura e do exemplo das pessoas que lutaram pela sua libertação. Para o autor as pessoas com quem falou têm “histórias fascinantes”. E sublinhou que se lembra de ouvir contar os episódios do que se passava em Alpiarça, terra conhecida pela luta comunista, que chegou a estar sitiada por militares GNR que impediam as pessoas de estarem em grupo a conversar. Polémicas partidárias à parte, João Céu e Silva considera que o livro “consegue atingir os objectivos”, porque “não é comprado apenas por comunistas, por pessoas de esquerda”. João Céu e Silva, é natural de Alpiarça, viveu no Brasil e é jornalista. Entrevistou Álvaro Cunhal por três vezes. Durante quatro anos fez a cobertura das iniciativas do PCP para o Diário de Notícias, onde é jornalista. João Céu e Silva, licenciado em História, publicou em 2001 “Caravela Tropical”, um diário de bordo escrito a bordo da caravela Boa Esperança durante a recriação comemorativa dos 500 anos da viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil. Em 2003 publicou o seu primeiro romance, chamado “28 dias em Agosto”.
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