De Tomar para o Esquadrão G
Filipe Santos é um dos participantes do programa televisivo que promete transformar machos latinos em metrossexuais
Inscrito pela namorada, o jovem só não convive muito bem com o facto de ter de andar na rua de mão dada com cinco homens.
“O meu único problema é ter de andar de mão dada na rua com outros homens” diz Filipe Santos, jovem de Tomar participante no programa televisivo Esquadrão G. Foi a namorada Vera que o inscreveu pela Internet.Pela boca morre o peixe, como se diz na gíria. E foi isso mesmo que aconteceu ao jovem de 25 anos. Sempre que via o programa, comandado por cinco homossexuais assumidos, Filipe dizia – “um dia destes concorro”.A namorada achava que ele só dizia aquilo “da boca para fora” e resolveu dar-lhe uma lição: ver até que ponto ia a coragem do homem da sua vida. Filipe entrou “na brincadeira” e ajudou “à festa”, ajudando a elaborar o questionário da Net.Não pensou mais no assunto até dias depois receber um telefonema da produção do programa. “Quer realmente participar?”. Demorou uns segundos a reagir, a assimilar que afinal a brincadeira era bem a sério. Mas decidiu aceitar. “Seja o que for”.Vera ficou radiante, os pais disseram-lhe que estava doido, mas acabaram por aceitar o facto. Talvez porque o programa irá fazer melhoramentos na casa em que o par de namorados vive.Filipe e Vera não escondem que gostariam de ver algumas coisas alteradas lá em casa, um pequeno apartamento na rua paralela à estação ferroviária da cidade, quase defronte ao edifício da GNR. Adquirida há vários anos a casa já é antiga e precisa de algumas remodelações. Filipe e Vera não escondem que o facto de os “cinco magníficos” do Esquadrão G mexerem não só no estilo do concorrente como na sua habitação pesou na decisão de participar.“A vida está cada vez mais difícil e não temos grandes possibilidades de fazer as alterações que gostaríamos”, dizem. Filipe confessa que o que mais lhe desagrada na casa é a cozinha, com móveis de madeira escura.O primeiro objectivo do programa é no entanto mudar o concorrente, “transformar o macho latino num metrossexual”, como diz o genérico do Esquadrão G.Não que isso incomode Filipe Santos, habituado a usar fato e gravata durante a semana e roupa mais descontraída ao fim de semana. “Adora t-shirts”, diz Vera. Depois do telefonema de finais de Outubro, a confirmar a sua presença no concurso, Filipe deixou crescer o cabelo, “para eles terem alguma coisa para mudar”, diz a brincar.Mas não aguentou mais e na semana passada cortou-o curto e espetado, como gosta de o trazer. “Disseram que depois ligavam para combinar a data da vinda a Tomar para uma primeira reunião de trabalho mas ainda não o fizeram”, diz o jovem.Relativamente aos cuidados que costuma ter consigo Filipe confessa ser “um bocado desleixado”. “Usar cremes só mesmo nas mãos”.Aquando do telefonema da produção do programa foi-lhe dito que terá de ficar cinco dias em Lisboa, os necessários para as gravações. Filipe já avisou o patrão e não arranjou nenhuma desculpa para faltar aqueles dias. “Contei-lhe a verdade e pronto”.O sonho de Filipe e Vera é fazerem uma grande festa de inauguração do apartamento. Porque embora já lá vivam há dois anos nunca lá levaram os amigos, nem sequer a família. “Queríamos ter a casa minimamente organizada antes disso e agora com esta possibilidade seria juntar o útil ao agradável”, dizem.Filipe diz ter “um bocado de vergonha” de se expor publicamente. “No meu trabalho lido com muita gente e sei que durante um tempo vou ser alvo de chacota”, confessa.Mas as pessoas costumam ter memória curta e daqui a um tempo o rosto do participante de Tomar será esquecido. Restará o consolo de um lar mais composto, sem gastar um tostão. Margarida Cabeleira
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