Transformar resíduos florestais em electricidade
Governo quer análise “séria e rigorosa” dos investimentos na biomassa florestal
O secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas alertou na passada semana para a necessidade de se fazer uma análise “séria e rigorosa” em relação aos investimentos a realizar ao nível da produção de biomassa florestal.
O Governo pretende lançar no início de 2006 o concurso público para a produção de 150 megawatts de energia eléctrica em centrais de produção de energia eléctrica a partir de resíduos florestais.A biomassa deve assim voltar a ser “valorizada”, porque, segundo Rui Nobre Gonçalves, nunca antes houve um conjunto de condições “tão favoráveis” para o seu lançamento, quer a nível económico (preço crescente da energia fóssil), regulamentar ou tecnológico (mais eficiente e acessível).De acordo com o governante, em Portugal a recolha da biomassa deverá ainda contribuir para uma nova dinâmica na limpeza das matas e reduzir a importação de combustíveis fósseis e as emissões de dióxido de carbono para a atmosfera.Nobre Gonçalves alertou que esta indústria não deverá ser encarada como uma “galinha dos ovos de ouro”, pois representa apenas uma peça na sustentabilidade das florestas.O secretário de Estado falava, no dia 14, durante o Seminário Internacional “A Biomassa Florestal, Energia e Desenvolvimento Rural”, que reuniu no Porto dezenas de especialistas em biomassa e energias renováveis.A iniciativa, promovida pela Associação Florestal de Portugal (Forestis), pretendeu analisar as potencialidades e oportunidades da utilização da biomassa florestal para fins energéticos.Para o presidente da Forestis, o aproveitamento de resíduos florestais e restos de exploração florestal (biomassa) podem também, em Portugal, “contribuir muito positivamente” para a diminuição do risco de incêndios, ao mesmo tempo que “se valoriza economicamente um subproduto até aqui negligenciado”.“A adopção de uma estratégia de aproveitamento de biomassa florestal no país pode ainda contribuir para a dinamização da gestão florestal activa e, consequentemente, para a criação de emprego num quadro alargado de desenvolvimento dos espaços rurais, onde se desenvolverão iniciativas empresariais de transformação de biomassa em energia”, considerou Francisco Carvalho Guerra.A iniciativa surgiu integrada numa rede de cooperação internacional designada ENERSILVA - Promoção do Uso da Biomassa Florestal para Fins Energéticos, que reúne parceiros de três países (França, Espanha e Portugal) e de seis regiões do sul da Europa - Aquitania, Galiza, Catalunha, Pais Basco, Norte e Centro de Portugal.O projecto inclui assim áreas florestais diversas, mas que convergem no interesse em desenvolver soluções que valorizem a biomassa florestal primária como fonte de energia, explicou o responsável.Para atingir estes objectivos, o ENERSILVA conta com um conjunto de organizações privadas e entidades públicas ligadas à produção florestal e ao desenvolvimento de energias renováveis.Lusa
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