É sobretudo aos serões que Rosa Casquinha se “perde” a fazer montagens de flores secas prensadas nas mais variadas bases. Esta aventura pelo universo das artes decorativas começou em 1991 quando a artesã de Alverca decidiu frequentar uma formação na área, promovida pela comunidade europeia, em Lisboa.Após a formação, Rosa continuou a aperfeiçoar as técnicas que aprendeu, como os trabalhos em escamas de peixe e as flores secas, fazendo um pouco de tudo. Algum tempo depois, a artesã decidiu dedicar-se unicamente à arte da decoração com flores secas prensadas, por ser a que lhe “dá mais gozo”.O trabalho de Rosa Casquinha tem início com a colha das flores dos mais variados géneros, entre as quais depois selecciona aquelas que estão em condições de passar ao passo seguinte. Este consiste em prensar as flores colhidas e seleccionadas: “seco-as e coloco-as no meio de livros; depois arquivo-as em capas de plástico por tipo para me orientar mais facilmente”, explica a artesã.Com as flores prontas, Rosa pode começar a fazer as composições, a parte que lhe dá mais prazer neste trabalho. “Isto nasce do nada. Em cada trabalho as coisas vão surgindo, consoante a inspiração”. E quando esta abunda o serão prolonga-se noite dentro, distraidamente. “Ás vezes quando olho para o relógio só digo: ai meu Deus! Já são cinco da manhã!”No entanto, também há dias em que a inspiração não vem e o melhor mesmo é não fazer nada. Segundo a artesã, “quando não há vontade nem vale a pena mexer, porque senão já sei que é material para deitar no lixo”.As composições são, habitualmente, feitas em caixas, molduras, quadros e tabuleiros, que adquire directamente ao fabricante. A montagem das flores é um trabalho minucioso e delicado, por isso, a pinça é um instrumento que Rosa não dispensa para o acto de criação. A apresentação e venda dos trabalhos é feita na Feira de Outubro em Vila Franca de Xira e na Feira de Artesanato do Estoril. Com Rosa Casquinha vai, também, Luísa Esteves, parceira da artesã num atelier que trata de vários detalhes de casamentos, como os brindes e o bouquet, e que trabalha com arranjos florais.Actualmente, Rosa Casquinha divide esta sua paixão pelo trabalho com flores secas com a sua profissão de auxiliar pedagógica na CerciTejo, em Alverca. “Infelizmente, não dá para viver disto”, lamenta a artesã, que afirma recear abandonar o emprego para se dedicar em exclusivo às artes decorativas. Contudo, expressa o desejo de “mais tarde, quando for reformada” se dedicar a tempo inteiro a fazer as composições de flores secas prensadas. Que tanto a fascinam. Sara Cardoso