
Cruzes canhoto!
Figuras conhecidas da região lidam de forma diferente com o azar
Vem aí uma aziaga sexta-feira 13 e O MIRANTE foi saber o que é que pensam disso algumas figuras públicas da região. Há quem confesse superstições e quem cumpra alguns rituais para afastar o azar.
A fadista de Riachos Teresa Tapadas nunca põe a mala pessoal no chão porque é sinal de azar. Uma superstição que herdou das pessoas com quem convivia em jovem e que diziam que esse gesto significava que o dinheiro se gastava mais depressa. A fadista também não passa por baixo de escadas, seja dia 13, como a próxima sexta-feira, ou qualquer outra data do calendário. Embora associe o dia 13 ao azar, já que teve um acidente de moto num desses dias do ano de 2003.Mas também há quem embirre com o número quatro, que tem o mesmo significado do 13 na cultura oriental. É o caso do ex-presidente da Câmara de Santarém, José Miguel Noras. “À semelhança dos chineses implico com o número quatro. Foi num dia quatro que parti um braço. E o único acidente que tive foi num dia desses”. Lembra. José Miguel Noras explica que quando esteve na China, em 1999, ainda ficou a gostar menos desse algarismo. “Levei uma lavagem ao cérebro contra o quatro, que no oriente é o mais azarado e significa morte. Ao ponto de nos prédios a numeração dos andares passar do terceiro para o quinto”. Já o dia 13 até merece a sua simpatia, porque foi num dia desses que nasceu um dos filhos. E quanto a sentar-se à mesa com 13 pessoas a uma sexta-feira 13, não há problema: “Tenho o estômago habituado a engolir sapos e à paródia”. O mesmo não pode dizer a deputada socialista eleita pelo círculo de Santarém e vereadora da Câmara de Alcanena, Fernanda Asseiceira. “Sou mais supersticiosa em relação a sentar treze pessoas numa mesa, mas se tal acontecer também não mando ninguém embora”. A parlamentar garante que não orienta a sua vida preocupada com estas questões, mas sempre vai tendo alguns rituais contra as desgraças. “Quando encontro talheres cruzados a primeira reacção é descruzá-los. Depois de ter passado por baixo de umas escadas penso que não o devia ter feito”, descreve Fernanda Asseiceira, atribuindo estas questões mais a preconceitos que passam de geração em geração. O advogado do Entroncamento, Eduardo Fanha Vieira, também garante que se desvia de escadas, mas mais por medo que elas lhe caiam em cima.Para o jurista, infortúnio mesmo é não ter um charuto para fumar após o café. Ou fumá-lo sem ter bebido um café antes. “Já não me sabe bem e considero isso um azar”. Ricardo Mónica, padre em várias paróquias do concelho de Santarém, não gosta de ver o pão virado em cima da mesa. Mas atribui mais essa situação à educação. No concelho de Vila Franca de Xira não é fácil encontrar pessoas supersticiosas. A presidente dos Bombeiros da Póvoa de Santa Iria, Odete Silva, não se deixa iludir por maus agoiros. “Nunca colei as coisas negativas a azares”, diz peremptoriamente.De entre as várias personalidades contactadas por O MIRANTE, só o cabo dos forcados de Vila Franca, Vasco Dotti, admitiu ter alguns rituais para fechar a porta ao azar. Quando entra numa praça de toiros é sempre com o pé direito. Mas no dia-a-dia, confessa, prefere pensar que quando há um azar a situação podia ter sido pior. “O azar é como o destino. Se existe tem mesmo que acontecer”.

Mais Notícias
A carregar...