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“Até aos 90 têm de levar comigo”

Jorge Ró é um dos nomes mais respeitados no motocross nacional
Piloto desde 1980, Jorge Ró começou cedo a dar nas vistas, dentro e fora das pistas. Na altura havia ainda poucos pilotos mas a modalidade estava em grande expansão. Se nas corridas era um piloto sempre aguerrido mas nunca conseguiu grandes resultados desportivos, fora delas dava destacava-se pelo seu estilo irreverente e empreendedor.Foi o fundador do Moto Clube de Santarém, que entre 1983 e 1987 organizou na Ponte da Asseca, nos arredores da cidade, provas a contar para o campeonato nacional de motocross onde estavam, em média, 4.000 a 5.000 pessoas a assistir.Em 1983 passou também a ser delegado da Federação Portuguesa de Motociclismo, já extinta. Tinha como responsabilidade promover um campeonato regional de 50 centímetros cúbicos (cc), prova que organizou até 1986.As corridas por si organizadas tinham vinte pilotos, número bem superior aos seis ou sete que corriam noutras provas. O sucesso conseguido levou a que federação resolvesse tomar conta desse troféu a partir de 1987, mas o facto é que não conseguiu sequer avançar com uma edição.Jorge Ró esteve, pouco depois, na origem da Federação Nacional de Motociclismo (FNM). Representava os chamados “contras”, que estavam contra o excessivo poder da federação “antiga”, que não dava ouvidos às críticas dos pilotos e tinha uma postura autista em relação aos problemas que se verificavam.Já com FNM criada, em 1993 voltou a organizar um troféu regional de motocross, com cerca de 50 pilotos. Mas a história repetiu-se e em 1996 a Federação quis tomar conta do troféu. Resultado: mais uma vez a prova não se voltou a realizar e o número de pilotos inscritos nessa época baixou consideravelmente.Foi tudo isto que o levou a pensar num troféu totalmente independente da federação. Estava farto de apontar soluções mas ninguém lhe ligava. Em 1998 fez uma última tentativa. Com mil contos no bolso foi à federação e disse que queria organizar um troféu mas com regulamento próprio, consoante a vontade dos pilotos. Mais uma vez disseram-lhe que não podia ser.Até que, um ano depois, em Agosto de 1999, no dia único de praia que tem por ano, quando estava a ler uma revista americana reparou num anúncio de um troféu privado que se realizava nos Estados Unidos.Tomou umas notas, começou a magicar no que podia e não podia fazer e enquanto ia tratando dos instrumentos legais começou a publicitar a prova em revistas da especialidade e criou uma grande expectativa.Prova disso é o facto das licenças desportivas da FNM terem aumentado consideravelmente. Para se ter uma ideia, a última prova do campeonato nacional de 1999 teve apenas 37 pilotos presentes, que nem deu para encher a grelha com 40 lugares, e a primeira prova do Troféu Rómoto, em 2000, teve 90 pilotos à partida.De então para cá o troféu não pára de crescer, fruto essencialmente da persistência de Jorge Ró.Incapaz de estar parado, conseguiu finalmente entrar para a universidade e este ano vai começar a frequentar o curso de direito na Universidade de Coimbra. Recusa-se a abandonar a competição e, aos 49 anos, ainda entra em provas do campeonato nacional.“Até aos 90 têm de levar comigo. Podia ser um aliado mas não é assim que vêem. Vou criando os pintainhos para eles depois terem em galos mais tarde”, refere com o seu característico sorriso aberto.Contrariando quem pensa que o seu objectivo é chegar ao comando da FNM, Jorge Ró diz que como privado tem uma base de movimento maior que como presidente da federação, pelo que se sente mais útil cá fora. “Deixem-me estar. Eu quero é ser livre. E poder pôr isto tudo de pernas para o ar”, conclui.Em termos empresarias, em 1983 Jorge Ró começou a comercializar tudo o que dizia respeito às duas rodas. Dividia esta ocupação com o trabalho no talho de que era proprietário, mas em 1989 montou uma pequena exposição de produtos de TT/Estrada numa cave com 9 metros quadrados.Começou a receber a visita de pessoas de todo o país que ali se deslocavam na procura de peças, acessórios e vestuário e em 1990, motivado pelo iniciação do seu filho no motocross, fez uma viagem à Bélgica para de lá trazer a primeira Kawasaki KX 60 nova a pisar o solo luso.Os outros pais de pilotos mostraram-se bastante interessados em adquirir o modelo que, na altura, era uma verdadeira “bomba” em relação às motos que por cá competiam na classe Infantis e tanta foi a procura que, no final de 1990, a Rómoto tornou-se agente da Kawasaki para toda a gama de MX.Pouco tempo depois, Jorge Ró abandona definitivamente o talho e dedica-se exclusivamente à sua paixão de sempre, inaugurando, para o efeito, a primeira loja Rómoto num espaço de 45 m2. Em 1994 aumentou o espaço comercial para 110 m2.

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