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Arguto Serafim das Neves

Ando preocupado. A acalmia política está a pôr-me os nervos em franja. Não é normal andar tudo tão caladinho, tanto nas autarquias como no Governo. Perante um cenário assim a minha avó costumava dizer que já a pregaram ou estão para a pregar. E eu sou levado a concordar com ela. Antes da tempestade vem a bonança. Antes da borrada vem sempre uma situação de algum alívio. É claro que alguns políticos mais voluntariosos não têm deixado os seus créditos por mãos alheias e sempre vão deixando cair uns dislates. Mas são coisa de fraco efeito quando comparados com as enormes bojardas a que já nos habituaram. Bombinhas de Carnaval quando cotejados com as munições de grande calibre que costumam usar quando estão em forma.Por estes lados não houve cartunes à lá dinamarquesa. Mas bem que poderia haver tendo como alvo não o Maomé mas alguns presidentes de câmara. Assim ficaríamos a saber que por aqui o espírito democrático é à prova de bala. Não há nada que abale a fé na liberdade de imprensa. Na livre circulação de informação. Não há cartune, por mais acintoso que seja que faça algum dos nossos políticos reagir à bruta. Para eles há valores que são sagrados.Se há presidentes de câmara que deixam de nos enviar informação é pelo simples facto de reconhecerem que os seus assessores de imprensa lidam mal com o português e que isso nos pode incomodar. Fazem-no para nos proteger de tanta calinada. Se outros proíbem os vereadores de nos dar informações é, como sabes, por terem a consciência que de cada vez que eles abrem a boca sai asneira. E se eles próprios se recusam a falar connosco não é porque não queiram que a sua governação seja transparente. É por humildemente reconhecerem que os seus actos, de tão insignificantes, não merecem uma linha nos jornais.Eu se soubesse que eles liam estes modestos escritos até aproveitava para agradecer publicamente aos mais empenhados nesta cruzada a favor da nossa saúde mental o facto de tomarem tais atitudes. À senhora Ana Cristina de Salvaterra de Magos, ao senhor Rosa do Céu, de Alpiarça, ao senhor Rodrigues, de Torres Novas. A todos eles um grande bem-haja por não terem convocado manifestações do género das que têm ocorrido nos países islâmicos quando as notícias não lhes agradam. E eu sei bem que muitas lhes desagradam. Que todas lhes desagradam, porque os jornalistas de O MIRANTE, pobres ignaros, teimam em não seguir o estilo enxuto e rigoroso dos redactores dos Boletins Municipais.Serafim, sinto-me tão feliz por viver num país com democratas de tal calibre que por vezes até me emociono com algumas das suas manifestações de afecto. Consegues imaginar uma alegria maior do que aquela que experimentas quando ficas a saber que uma daquelas personalidades nunca, mas nunca mais, vai falar contigo??!!! E ainda há quem diga que a felicidade não existe. Meu Deus! Como há pessoas capazes de dizer tamanhos disparates como se fossem verdades absolutas?!!!Serafim, termino com uma referência a algumas martirizadas instituições. Com uma saudação amiga e solidária aos bancos. É incrível a campanha de que estão a ser alvo por parte de alguns políticos. Ainda na segunda-feira à tarde ouvi, com estes canais auditivos que as minhas orelhas enfeitam, o presidente da câmara de Benavente afirmar alto e bom som que os bancos andam à mama das autarquias. Que não são amigos das câmaras municipais. Que as sugam como vampiros. Tu consegues encontrar maior ingratidão? Ainda há pouco tempo a Câmara a que o António José Ganhão preside recebeu 42 euros de juros de umas contitas que tinha à ordem na Caixa Geral de Depósitos e já anda por aí a dizer coisas destas. É realmente extraordinário. Neste país ninguém consegue ver uma camisa lavada a um pobre. Lá porque os bancos ganham honestamente muito dinheiro isso faz deles instituições sem escrúpulos? Faz?? Olha, eu já nem sei bem onde é que isto vai parar com tanto desaforo. E tu sabes? Se sabes diz-me alguma coisa, por favor.Um abraço cartuno-democrático do Manuel Serra d’Aire

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