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A maioridade de uma jovem terra

A maioridade de uma jovem terra

Freguesia do Granho, Salvaterra de Magos, nasceu em 1988 e quer continuar a crescer

Um novo acesso à freguesia, saneamento básico e maior oferta de emprego são alguns dos desafios que o Granho tem pela frente para se afirmar como terra onde dá gosto viver.

A jovem freguesia do Granho foi criada administrativamente em 1988, por desanexação de Muge, na mesma altura em que Marinhais e Glória do Ribatejo também “conquistaram” a sua independência.A terra pertenceu durante séculos à Casa Cadaval e o presidente da junta, José Maria de Jesus, considera que em boa hora o Granho ganhou em ter vida própria. “Na década de 70 cheguei a Muge como autarca e não havia energia eléctrica no Granho. Fui a Lisboa com mais quatro pessoas para ver o projecto de instalação de energia e cheguei a exaltar-me com um engenheiro que queria colocar luz primeiro nos Foros de Salvaterra”, recorda. Uma situação que ilustra, na sua opinião, o que se tinha de lutar quando a freguesia ainda não tinha voz própria.Com uma área total de 28,2 quilómetros quadrados, o Granho fica a cerca de 24 quilómetros da sede de concelho e a 28 quilómetros da capital de distrito. Conta com cerca de 1.200 habitantes.Terra típica da lezíria, o Granho é extenso e com casario disperso. Possui algum comércio centrado em mercearias, padaria, talho, peixaria, drogaria, empresas de materiais de construção e de pronto-a-vestir, além de uma carpintaria e uma serralharia. A freguesia é predominantemente agrícola, com cerca de 80 por cento da população a dedicar-se à produção de batata, arroz, tomate, couve e, mais recentemente, ao milho.Sem zona industrial, a freguesia não tem registado qualquer instalação de unidades ao longo dos últimos anos. O desemprego, principalmente entre a população mais jovem, é considerado um flagelo e, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, atinge 12,8 por cento da população activa. “A instalação de indústrias iria ajudar a combater a desertificação e o desemprego”, sustenta o autarca do Granho.Falta também a rede de saneamento básico. A única alternativa é a utilização das fossas sépticas, com os problemas ambientais que lhes estão associados. José Maria de Jesus acredita que, no actual mandato, a freguesia dê um passo em frente, com a construção da rede de esgotos e da estação de tratamento de águas residuais.O isolamento da freguesia é um dos aspectos que a junta quer que seja resolvido com urgência. O único acesso ao Granho sobre asfalto, através da Estrada Nacional 118, em Muge, ou pela Glória do Ribatejo, desemboca numa só “porta de entrada”.Por esse motivo, José Maria de Jesus defende o asfaltamento do caminho de terra batida entre o Granho e Foros de Benfica, já no concelho de Almeirim. São cerca de 2,7 quilómetros de extensão que, em condições, representam um novo “respirar” para a freguesia. “Neste momento estamos asfixiados mas há uma promessa de asfaltamento da estrada pela Câmara de Salvaterra para que a freguesia possa contar com melhores acessos. Espero que possa arrancar ainda em 2006”, augura o autarca.Outro motivo para o isolamento é a escassez de carreiras de transportes públicos na freguesia e de uma praça de táxis, “insuficientes para as necessidades de deslocação da população”. Glória e Muge são as localidades mais próximas mas ficam a alguns quilómetros.No que respeita a acessibilidades, a passagem da A13 na freguesia pouco adiantou para o Granho, já que os nós de acesso mais próximos ficam em Almeirim e em Foros de Salvaterra.A rede escolar é constituída por um estabelecimento de ensino pré-escolar e por um de ensino básico. No total somam cerca de 60 crianças, pelo que o futuro da freguesia parece estar em boas mãos. Uma comissão composta por 16 elementos já foi criada e está no terreno para angariar fundos para a construção do centro de dia para idosos, além de uma creche para acolher os mais novos. O terreno para os equipamentos foi doado por dois beneméritos, Manuel Ferreira e Arlindo Migões. O posto médico está instalado em instalações não definitivas e falta mais serviço de apoio médico para as necessidades da população. “Devia vir um médico todos os dias e não apenas duas vezes por semana”, defende o autarca do Granho. Outra das prioridades passa por legalizar os terrenos do recinto das festas, da junta e do posto de saúde, que não estão registados.O Grupo Desportivo do Granho, que milita no campeonato do Inatel, o Rancho Folclórico do Granho, infantil e adulto, e a associação humanitária são as colectividades de terra. Sopa de feijão, barbo frito, o coelho de rechichiu, cachola e as filhós são alguns petiscos mais conhecidos e que sugerem uma visita à freguesia.Um dos momentos altos do Granho são as festas em honra de Nossa Senhora de Fátima, que têm lugar no último fim-de-semana de Julho. Mas, para essas, há que aguardar pelo Verão. Ricardo Carreira
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