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Pai presidente e filho secretário

José Maria de Jesus lidera a Junta de Freguesia do Granho

O autarca concorreu às eleições autárquicas contra o filho e ganhou a junta. Agora trabalham em conjunto pelo desenvolvimento do Granho.

O ano de 2005 foi diferente para José Maria de Jesus. Nas eleições autárquicas de 9 de Outubro enfrentou o filho, Sérgio Marques (PS) na corrida à junta do Granho, e ganhou pelo PSD.“Encarei bem a situação e sempre nos demos bem. Acabei por vencer por pouco mais de 100 votos. Ele é secretário na junta e temos trabalhado bem”, assegura José Maria de Jesus.O episódio marcou-o aos 69 anos, quando pela primeira vez foi eleito presidente da junta da terra que o viu nascer. José Maria de Jesus evidencia a aparência e vitalidade de um homem bem mais novo. Talvez por isso mantenha a mesma motivação com que iniciou a vida autárquica. A longa experiência começou como tesoureiro da Junta de Muge antes do 25 de Abril, cargo que continuou a ocupar após a revolução. Foi vogal da Assembleia de Freguesia do Granho, após criação da freguesia em 1988, desanexada de Muge. Após três mandatos como tesoureiro, chegou a vez de assumir a presidência.Sempre se identificou com a área política da direita e com o PSD, em particular. Mas considera que “poderia ser eleito por qualquer partido no Granho”. José Maria de Jesus teve um ofício principal durante 33 anos, como fun-cionário do ramo electromecânico da antiga Raret, emissora de rádio difusão da vizinha Glória do Ribatejo entretanto encerrada. “Nunca saí do Granho e mesmo quando me ofereceram uma casa nas instalações da empresa preferi fazer o caminho de ida e volta”, recua no tempo. O autarca do Granho foi também presidente do grupo desportivo local durante vários anos - que agora é comandado pelo filho -, e foi decisivo na construção do campo de futebol. Sempre foi juiz das festas da terra em honra de Nossa Senhora de Fátima e, agora, são os familiares a continuar a ligação às principais actividades da terra.José Maria de Jesus é grande adepto de futebol, do GD Granho e do Benfica, de que é sócio. “Não passo sem futebol no fim-de-semana, seja para ir ao estádio da Luz ou para ver o futebol regional. É uma forma de espairecer”, refere, admitindo que “ferve em pouca água” na bancada.Em tempos, no campo da Fajarda, como delegado da equipa, até passou por apuros. Respondeu a um espectador que disse que matava todos a tiro de espingarda ao dizer que tinha uma pistola no bolso dos calções. E não tirou de lá a mão.“Abrigámo-nos nos balneários e só saímos um bocado depois. Fui sempre com a mão nos calções para dentro da carrinha e com muitas pessoas da Fajarda a quererem chegar-nos com a mão ao pêlo”, recorda com um sorriso nos lábios.Fora do trabalho da junta, que lhe consome muito tempo, José Maria costuma estar com a família atrás do balcão do café-restaurante com o seu nome, também no Granho, aberto em 1969. “Aqui fizemos bailes e até serviu de discoteca”, acrescenta.A determinação de José Maria notou-se em vários episódios de vida. Como o da luta pela manutenção do nome do largo da igreja, José Vidigal das Neves, em detrimento de largo 25 de Abril, como tentaram fazer após o período revolucionário.Ou quando o médico que dava consultas numa sala anexa à igreja não queria ouvir os sermões do padre ao mesmo tempo. “Apesar das desavenças com o clínico, sempre defendi a freguesia e acabámos amigos”, recorda José Maria.Quando aparece o tempo livre, despe a camisola de autarca e gosta de jogar às cartas, acompanhar a juventude no futebol e ir para a petisqueira com os amigos. Ricardo Carreira

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