uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Raquel Laureano

Advogada, 31 anos, Azambuja

“Se houvesse igualdade não haveria necessidade do legislador avançar com leis anti-discriminação em função do sexo. A discriminação começa nas religiões. A Igreja Católica e o Islamismo colocam a mulher em segundo plano”

Aproveita os saldos para fazer compras?Guardo muitas compras para fazer nesta época. Quando quero comprar um casaco mais caro, por exemplo, espero pelos saldos. Claro que às vezes não encontro o meu número, principalmente quando quero comprar sapatos. Costuma entrar nas lojas antigas?É o único sítio onde se consegue comprar aquelas camisolas interiores mesmo quentinhas (risos). Ainda existem algumas na região, mas têm tendência a acabar. Não são apelativas e não se renovam. Normalmente as pessoas que as exploram já têm alguma idade e o negócio é uma forma de complementar a reforma que é muito baixinha. Hoje em dia apela-se muito ao consumo e às coisas bonitas. E as pessoas têm tendência a afastar-se dessas lojinhas.Já se pode falar em igualdade entre homens e mulheres?Se houvesse igualdade não haveria necessidade do legislador avançar com leis anti-discriminação em função do sexo. A discriminação começa nas religiões. A Igreja Católica e o Islamismo colocam a mulher em segundo plano. Tanto no mundo católico como no islâmico quem toma as decisões. São as mulheres? Não, o poder de decisão está todo entregue aos homens. Os números também dizem que há mais mulheres no desemprego, que há mais mulheres vítimas de violência doméstica…O que leva as mulheres a suportar a violência doméstica?A vergonha. E isso está errado. Tanto para as mulheres como para os homens. Todos nós somos violentos por natureza, mas temos mecanismos de sublimação. No caso das pessoas violentas esse mecanismo não funcionou. Ao esconder a situação a pessoa não só se prejudica a si própria como impede o autor da violência de ser confrontado com a atitude. Era importante apostar num sistema de penas que em vez de reprimir, reeducasse.Porque é que os casais têm filhos cada vez mais tarde?Acabamos os cursos cada vez mais tarde. Lá para os 24 anos. Depois há a fase de integração no mercado de trabalho. Mais dois anos. E depois tentamos ganhar mais algum dinheiro, que nos vai permitir sair de casa, casar e ter filhos… Só lá para os trinta e tal. Antigamente é que o homem trabalhava e a mulher ficava em casa. Hoje em dia não se consegue sustentar uma casa com um só ordenado.Tem preocupações ambientais?Claro! Tento reciclar o lixo, separar o papel e coloco o óleo num frasco separado. Não lavo os dentes com a água a correr. Quando vou às compras levo sempre sacos para evitar o desperdício e quando é pouca coisa trago mesmo dentro da mala. Uma vez cruzei-me com uma vizinha que disse que não reciclava porque já paga impostos suficientes. Enquanto pensarmos assim não teremos um mundo melhor.Quando vai de viagem o que leva na mala?Muita roupa interior, atoalhados, os meus cosméticos, o meu secador de cabelo, o adaptador, se for necessário, e o carregador de telemóvel. Muita roupa prática e normalmente duas peças mais formais para o que der e vier. Qual é o seu livro de cabeceira?Tenho três livros de cabeceira. Ando a ler o “Direito comunitário” do Mota Campos. Os juristas têm destas coisas. Para nós ler um livro técnico não é propriamente um trabalho. É um prazer. Estou a ler também o segundo volume da biografia do professor Cavaco Silva e, pela enésima vez, “Processo”, de Kafka. É um livro muito difícil de ler, mas é fabuloso. Qual o melhor sítio para ler?Não tenho sítios preferidos para ler. Leio em qualquer sítio. Os livros levam-me para um mundo à parte. Só meu. Quando não tenho nenhum livro por perto até leio a lista telefónica…Não sei como é que os miúdos não gostam de ler. A televisão é uma grande concorrência, mas a verdade é que a caixinha mágica também tem um botão quer permite desligar.

Mais Notícias

    A carregar...