Agricultores admitem cortar estradas
Reunião em Santarém para discutir formas de luta contra cancelamento de apoios
Os agricultores ribatejanos querem que o Governo volte atrás no cancelamento do pagamento das ajudas agro-ambientais e estão a equacionar várias acções de protesto.
Cerca de centena e meia de agricultores de todo o Ribatejo reuniu-se sexta-feira em Santarém para discutir o anunciado cancelamento do pagamento das ajudas agro-ambientais relativas às candidaturas de 2005 e demonstrar o forte descontentamento com esta atitude do Governo.O executivo, por alegado esgotamento da dotação orçamental, decidiu indeferir as novas candidaturas realizadas em 2005 e prolongar, por um ano, os contratos que terminavam nesse ano. Mas os agricultores contestam esta medida, reclamando que esta decisão quebra compromissos assumidos.O presidente da direcção da Associação de Agricultores do Ribatejo (AAR), Pedro Seabra, acusou o ministro Jaime Silva de estar a prejudicar 26 mil agricultores que, em boa fé, realizaram investimentos “com base em pressupostos claros” e na expectativa que o Estado, como pessoa de bem, cumprisse com o que estava acordado. “Não estamos a falar de esmolas. Estão apenas a remunerar o serviço que prestamos à sociedade”, defendeu.A directora geral da AAR, Patrícia Fonseca, historiou os sucessivos passos e anúncios do Ministério da Agricultura e recordou que os agricultores fizeram investimentos em termos de maquinaria, análises de terra e água e assistência técnica com as organizações de agricultores. Tendo ainda, em consequência do cumprimento das medidas agro-ambientais, uma redução da produtividade.Uma das formas de protesto aventadas pelos agricultores é a interposição de acções contra o Estado como pessoa que não honra os seus compromissos. Atitude da qual não esperam grandes resultados práticos mas que serve para alertar consciências.Para dar uma dimensão pública ao protesto, os agricultores pretendem ainda publicar uma carta aberta na edição do jornal Expresso do próximo sábado. Segundo foi indicado, essa carta, em forma de publicidade, será subscrita por cerca de 200 associações ligadas ao sector.Na discussão que se seguiu, alguns agricultores defenderam formas de luta mais fortes, nomeadamente cortes de estrada na região e em Lisboa. Foram sugeridos ainda contactos directos com a oposição e o novo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.A Direcção da AAR defende no entanto a realização de acções coordenadas nacionalmente pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), entidade que já assumiu publicamente, tal como a Associação de Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), estar frontalmente contra este recuo do Governo.
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