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“Falhas incompreensíveis”

“Falhas incompreensíveis”

Técnicos dizem que construção de parque de estacionamento municipal de Tomar foi mal feita

Há aspectos do projecto que não foram cumpridos na obra do parque de estacionamento do pavilhão de Tomar. A solução desses problemas vai sair cara ao município.

Os pareceres técnicos encomendados pela Câmara de Tomar para resolver o problema das infiltrações de água no parque de estacionamento subterrâneo do pavilhão municipal não se limitam a apresentar soluções, apontando outros problemas estruturais e criticando a opção política de localização do equipamento.Há várias deficiências que saltam à vista quando se lê os relatórios – a construtora espanhola San José não cumpriu com rigor alguns aspectos do projecto, “facilitou” em outros e foi protelando decisões. Particularmente no que respeita à situação mais grave – a falta de estanquicidade que está na origem das infiltrações de água no parque.De acordo com o relatório elaborado pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto a existência de um veio de água no local “foi detectada atempadamente durante a construção do pavilhão”. Mas, diz o mesmo documento, “infelizmente o estabelecimento da solução para escoamento das águas correspondentes foi sendo protelado para uma oportunidade futura”. E que “assim se perdeu a oportunidade de construir na altura própria o colector no tardoz da parede de contenção nascente, até à descarga no rio Nabão”.O mesmo relatório alerta ainda para outras deficiências na concepção e/ou construção do parque que “são muito relevantes para o estudo das soluções” para os problemas de escoamento de águas.O professor catedrático António Adão da Fonseca, relator do documento, refere a pouca altura das rampas de entrada e saída do estacionamento (1,98 metros) para a circulação dos veículos.Também no interior do espaço “o tecto do piso de estacionamento contém uma panóplia de equipamentos (caminhos de cabos eléctricos, sinalética, câmaras de vídeo, altifalantes e condutas de desenfumagem) que diminuem significativamente a altura útil dentro do estacionamento”.Na solução apresentada por António Adão da Fonseca – construção de uma nova laje, em betão armado, sobre a actualmente existente – os veículos com altura superior a 1,90 ficam impossibilitados de aceder ao estacionamento.Já em Fevereiro o Instituto de Engenharia de Estruturas, Território e Construção (Icist), no seu relatório de peritagem às anomalias estruturais do pavilhão, falava na “deficiente impermiabilização” da laje.De acordo com o Icist, “o que poderá explicar as infiltrações de água na laje de tecto da cave será uma drenagem inadequada das águas pluviais ao nível do rés do chão do edifício, que possibilitarão a deposição durante tempo apreciável na laje, cuja impermeabilização poderá não ser a mais eficaz para este tipo de acção”.E remata – “mesmo com a laje fissurada, a ressurgência de águas não teria ocorrido se tivesse sido instalada uma tela impermeabilizante sob a laje. Esta inexistência é incompreensível, independentemente de a prudência a justificar em qualquer circunstância, tendo em conta a proximidade do rio e a carga hidráulica a que a laje ficou sujeita”.O laboratório de construções do departamento de engenharia civil da Universidade de Coimbra refere ainda outras situações, como o facto de, em alguns aspectos da construção, não se ter cumprido o que estava no projecto.Nomeadamente ao nível do posicionamento da armadura superior, que os peritos consideram estar localizada a uma profundidade média superior à indicada em projecto. Também a profundidade média das armaduras inferiores é maior que a prevista em projecto.Margarida Cabeleira
“Falhas incompreensíveis”

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