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A paixão pela dança

Alunos das Danças de Salão do Club Azambujense premiados no estrangeiro

Os alunos das Danças de Salão do Club Azambujense já brilham lá fora. São jovens amantes da dança que não conseguem viver sem pisar o palco.

Falta mais de uma hora para entrar em palco, mas Joana Diniz vai já ensaiando os passes do samba no camarim do Centro Cultural de Samora Correia. O blusão de ganga, típico de uma rapariga de 13 anos, cobre o vestido tigre, que fará ondular daí a minutos.A música arranca. O par do Club Azambujense entra em cena. Joana Diniz aparece equilibrada nos saltos altos que lhe dão pose de mulherzinha. Ao lado de Kevin Santana, 14 anos, fato preto com brilhantes, pose majestosa digna de um qualquer dançarino profissional. A magia que os dois jovens têm nos gestos chamou a atenção do júri do campeonato da Federação Internacional de Dança Desportiva há cerca de um mês, em Pontevedra, Espanha. O par, ensaiado em Azambuja por um professor dos Alunos da Apolo, José Carlos Rodrigues, arrecadou o terceiro lugar na classe júnior.O par ensaia no rés-do-chão do edifício da Associação do Comércio, Indústria e Serviços de Azambuja, na Quinta da Mina, onde se concentram os cerca de trinta elementos da Escola de Danças de Salão do Club Azambujense, uma secção criada na década de 90. “É a única escola que nas classes de aprendizagem e competição não tem qualquer mensalidade, com excepção da dança social”, explica Pedro Fragoso, ex-dançarino e um dos responsáveis da escola de dança.Joana e Kevin encontram-se pelo menos duas vezes por semana para acertar o passo. Em alturas de espectáculos é preciso ensaiar todos os dias. A paixão pela dança não parece atrapalhar os estudos. Joana, residente na Castanheira do Ribatejo, está habituada a deitar-se de madrugada. Às 7h30 está preparada para enfrentar mais um dia de escola.Com apenas três anos foi mascote de um rancho folclórico, mas aos 10 decidiu esquecer o traje tradicional e experimentar os vestidos sumptuosos, cravejados de pedras. “É tudo completamente diferente”, diz entusiasmada. O olhar, destacado a tinta preta que Joana já se habituou a colocar sozinha nos momentos mortos do camarim, basta para se perceber que é uma amante da dança.Tal como o rapaz que a acompanha nos ritmos contagiantes do samba, da rumba e do passe doble. Kevin Santana tem nome de artista, mas tem também um talento inato para a dança. São os próprios pares a reconhecê-lo.Dança desde os seis anos. Começou nos Casais Novos, no Carregado, onde vive, até passar para o Club Azambujense. Há cinco anos que percorre os campeonatos em Portugal e no estrangeiro. O ritmo é alucinante. Kevin Santana consegue acompanhá-lo. Com a naturalidade de um passo de dança. É aluno do nono ano, mas gostava de fazer da paixão o seu modo de vida.Rodrigo Martins, 25 anos, um dos melhores dançarinos do país, classificado a nível internacional, conseguiu a proeza de viver da sua paixão. É dançarino e vive das aulas de dança social (ver caixa) que dá no Club Azambujense. Ao lado de Catarina Tomás, 22 anos, estudante universitária de serviço social. Encontraram-se por casualidade num bar de Azambuja. Ele procurava par. Ela procurava deixar a escola de dança de Santarém, onde reside, e aperfeiçoar a técnica. Estão juntos há um mês e meio. Hoje a noite é de estreia. Catarina Tomás escolheu um vestido de franjas. É emprestado. As sandálias, oferecidas por uma amiga, vão ser estreadas em palco.Na informalidade dos bastidores Catarina Tomás senta-se na perna de Rodrigo. A postura revela intimidade, mas o par garante que a relação é estritamente profissional. O namorado de Catarina apoia-a incondicionalmente. “Às vezes sente-se um pouco deprimido, mas é por não saber dançar”, garante a jovem, dançarina há oito anos. Não concebe a sua vida fora do palco. Seria capaz de trocar a profissão de assistente social por uma carreira na dança.Para um par resultar no palco é preciso lealdade acima de tudo, explica Rodrigo Martins, o dançarino de Azambuja. A antiga parceira de dança de Rodrigo Martins “trocou-o” pela vida académica. “Separamo-nos em Agosto”, recorda. Parece que se fala de um amor perdido. Mas a única paixão é mesmo a dança.Ana Santiago

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