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Imbatível Serafim das Neves

A selecção está em estágio para o Mundial e os portugueses estão em época de preparação para as férias. As sugestões de dietas rebentam nas revistas e jornais como cogumelos, Os ginásios estão a abarrotar e transbordam para as ruas peregrinações de atletas sazonais que, de garrafinha de água na mão, percorrem quilómetros em busca da silhueta ideal. O nosso fado é este. Não é o da desgraçadinha. É o da gordurinha associada à preguicinha que nos colou ao sofá e ao petisco ao longo de três estações do ano, Outono, Inverno, Primavera. Também tenho ido na molhada, confesso. O ritmo frenético dos atletas caseiros em período de pré-temporada balnear, fascina-me. Vou ouvindo conversas sobre os 100 gramas que a menina do fato de treino cor-de-rosa perdeu em dois dias, vou gingando ao ritmo das ancas da jovenzita de calções que se esqueceu de amarrar o blusão do fato de treino a tapar o rabo como mandam as boas regras do feminismo caseiro, vou-me deliciando com o esforço que alguns machos fazem para encolher a barriga e tentar respirar ao mesmo tempo.Este afã só existe porque os portugueses não abdicam da praia. Das praias. Este afã só existe porque somos tão convencidos, tão convencidos que acreditamos que, quando chegamos ao areal tudo pára para nos ver passar. Que nos transformamos no centro das atenções. Seja no Algarve, Porto Galinhas ou Pipa (que raio de nomes).É o síndrome da mulher insegura levado para a beira-mar. Olhas para uma mulher na rua e ela fica logo atrapalhada. Se ele está a olhar para mim é porque tenho a costura de lado, o fecho desapertado, a alça do sutiã a ver-se. Para vencer a insegurança deita as culpas para cima de quem olha. Os homens que olham são uns parvalhões, uns machistas, uns tarados. As mulheres umas invejosas e pindéricas. E há outras paranóias. Se a olham ficam fulas. Se não reparam nela desesperam. Vá lá a gente perceber isto.Mas estava eu a falar na sazonal busca da elegância. Isto faz parte de nós. Da nossa forma de estar no Mundo. A sazonalidade é um traço marcante da nossa personalidade nacional. Quando andamos na escola só estudamos para os exames de véspera, quando começamos a trabalhar esperamos sempre pelo último dia para entregar a reclamação do IRS. Eu próprio guardo sempre para o último momento o envio deste e-mail. Sou um português dos quatro costados. Que culpa tenho eu de ser assim. Isto é genético, é fatal. Não penses que esta conversa toda vai desembocar nos políticos. Nos seus improvisos à portuguesa. Hoje não estou para aí voltado…se calhar até estou mas vou resistir. O Cavaco Silva travou a entrada em massa das mulheres na Assembleia da República. Foi de Presidente. A paridade foi ao ar. O sistema de quotas vai continuar a vigorar apenas para o tomate, a sardinha, a beterraba. Não se aplica às listas de candidatos a deputados. Graças a Deus! Não sei se o Cavaco Silva tomou a corajosa decisão depois de ter lido os delirantes argumentos contra o disparate do Governo nos nossos e-mails mas quero acreditar que não. Que ele nunca leu nem virá a ler os disparates que escrevemos por estas bandas. Se venho a saber que temos um leitor assim fico preocupado. Muito preocupado mesmo.Saudações desportivas do Manuel Serra d’Aire

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