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CAP diz que dinheiro é para “devolver a Bruxelas”

CAP diz que dinheiro é para “devolver a Bruxelas”

Governo anuncia reforço de 50 milhões de euros para mundo rural
O Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas anunciou sábado que as verbas destinadas à agricultura familiar (86 por cento dos agricultores) serão reforçadas em 50 milhões de euros por ano no período 2007/2013.O anúncio surgiu no dia em que milhares de agricultores estiveram em Lisboa, para participar na “Grande Marcha pelo Mundo Rural”, organizada pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). O que levou o presidente da CAP, João Machado, a dizer que se tratou de “uma manobra” do Ministério da Agricultura para “tirar importância ao movimento dos agricultores”.João Machado afirmou ainda que os 50 milhões de euros resultantes da modulação (corte até 20 por cento nas ajudas directas) são dinheiro dos agricultores e das políticas agrícolas que o Governo vai devolver a Bruxelas.Machado sublinhou que aquela afirmação não é futurologia, mas corresponde à experiência, porque no ano passado a modulação deu 23 milhões de euros e “foram devolvidos 26 milhões de euros a Bruxelas”.“O ministro está a tirar dinheiro aos agricultores portugueses para mandar para Bruxelas”, sublinhou.Em comunicado, o Ministério da Agricultura diz que as perspectivas financeiras 2007/2013, aprovadas em Dezembro passado pelos chefes de governo da União Europeia, se traduziram num apoio para o desenvolvimento rural português de próximo de 500 milhões de euros por ano, durante sete anos.Acrescenta que os chefes de governo adoptaram a possibilidade de os Estados membros reforçarem o apoio ao mundo rural com uma redução até 20 por cento das ajudas directas.Um assessor de imprensa do Ministério salientou que o corte até 20 por cento incide sobre ajudas desligadas da produção, em Particular o Regime de Pagamento Único (RPU), geralmente ligado à grande agricultura, em que o subsídio não depende do que se produz, e não se aplicará à agricultura familiar.O ministério garante que as verbas libertadas, de 50 milhões de euros, serão afectadas ao reforço da competitividade, ambiente e diversificação, eixos da nova política de apoio ao mundo rural.Adianta que os cenários de aplicação desta política serão oportunamente apresentados aos representantes dos agricultores, antes da tomada de decisão e sua negociação com as instâncias comunitárias.CAP recusa negociarsem resolver o passadoQuestionado sobre a garantia dada nesse dia em comunicado do ministério de que a modulação será discutida com os representantes dos agricultores antes de negociada com Bruxelas, João Machado garantiu que o ministro com a CAP não vai negociar porque a organização “não está disponível para negociar o futuro sem resolver o passado”.Acrescentou que o ministério “fechou as candidaturas às ajudas agro-ambientais e devolveu o dinheiro a Bruxelas”.Para João Machado, este ministro “não tem credibilidade nenhuma” e “não cumpriu contratos que tinha com os agricultores”, reafirmando que “o ministro não serve a agricultura e os agricultores portugueses”.Relativamente ao desfile em Lisboa, em que participaram alguns milhares de pessoas, salientou que não foi uma manifestação tradicional, mas visou trazer à cidade o conhecimento do mundo rural e do que aí é produzido.Argumentou que é o mundo rural que cuida da qualidade da água e do ar e que produz os alimentos, mas a população em geral não dá conta do que aí se faz.O dirigente da CAP admitiu que esta marcha é o culminar de muitos meses de protesto. O desfile foi iniciado por cartazes alusivos à defesa do mundo rural, estando o presidente do CDS, Ribeiro e Castro, presente na cabeça da marcha.A marcha era aberta por pauliteiros de Miranda, ranchos folclóricos, grupos de bombos do Minho, vacas, burros, carros de burros e de vacas e campinos, incluindo também grande número de máquinas e viaturas agrícolas que encheram a Avenida da Liberdade, em Lisboa, no sentido descendente.
CAP diz que dinheiro é para “devolver a Bruxelas”

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