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Suspensão da electricidade verde penaliza agricultores

Suspensão da electricidade verde penaliza agricultores

Os custos de produção aumentaram e os produtos estão ainda menos competitivos

Desde Fevereiro que os agricultores deixaram de receber do Estado 40 por cento do valor pago em energia eléctrica, o que está a pôr em causa as culturas de regadio na região.

A suspensão da electricidade verde pelo Ministério da Agricultura, está a deixar dezenas de agricultores em situação de falência. Numa altura em que há um maior consumo de energia devido às regas das culturas, as associações do sector estão apreensivas com o futuro e estimam que várias empresas agrícolas podem fechar em breve. “Sem o apoio à electricidade os agricultores passam a ter mais custos na produção e assim perdem competitividade em relação aos dos outros países que produzem mais barato”, explica Mário Antunes da Agrotejo (Associação de Agricultores do Norte do Vale do Tejo) - cujos associados cultivam 12 mil hectares de regadio na zona da Golegã. A situação pode levar a que alguns produtores abandonem este tipo de cultura, o que no entender de Mário Antunes vai acelerar o processo de desertificação do espaço rural. “Os agricultores que já tinham margens diminutas de lucro viram estas reduzirem-se drasticamente e vão optar pelo pousio ou por culturas forrageiras”.A criação da electricidade verde, em que o Estado assegurava 40 por cento do consumo de energia dos agricultores, tinha por objectivo equilibrar os custos de produção em relação a outros países e tornar a agricultura portuguesa mais competitiva, recorda Mário Antunes. Com a perda de competitividade há agricultores que estão a um pequeno passo da falência, assegura Patrícia Fonseca, directora geral da Associação de Agricultores do Ribatejo, sedeada em Santarém. A situação afecta 700 associados desta estrutura, muitos dos quais já disseram não estar a conseguir aguentar as despesas. Não são só os agricultores que fazem culturas que necessitam de rega permanente que estão a sentir os efeitos. José Barroso, que tem vinha e olival com sistema de gota-a-gota, já começou a sentir o aumento dos custos. O que o levou a reduzir a rega ao mínimo. “Se os nossos produtos já são menos competitivos em relação aos de outros países, onde também existe este tipo de apoio, agora ainda ficamos em situação pior”, desabafa. A suspensão deste apoio foi justificada pelo Ministério da Agricultura com base em alegadas irregularidades na utilização da electricidade verde, detectadas numa auditoria. O estudo dá conta de que 45 por cento dos beneficiários cometeram fraudes utilizando a energia eléctrica noutras actividades que não a agrícola. Para Mário Antunes, o ministério nunca fez nada para controlar as propaladas irregularidades. “Se houver uma utilização fraudulenta da electricidade verde por parte de algumas pessoas deve-se punir os prevaricadores e não penalizar os que cumprem as normas. O que acontece é que está a pagar o justo pelo pagador”, sublinha. A auditoria foi feita a mil beneficiários, num universo global de 28.474 candidaturas. Segundo um comunicado do Ministério da Agricultura agora vai ser analisado caso a caso e na própria exploração agrícola. E se forem confirmadas as situações irregulares, o ministério pondera acabar com apoio. Recorde-se que a suspensão dos pagamentos foi determinada no dia 21 de Fevereiro.
Suspensão da electricidade verde penaliza agricultores

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