O ministro da Agricultura, Jaime Silva, afirmou sábado que foram detectados “desvios gravíssimos” para outras finalidades na atribuição de subsídios aos agricultores para a chamada “electricidade verde”, no valor aproximado de 10 milhões de euros.“Mandei fazer um inquérito e concluí que tinha havido desvios gravíssimos. Há mesmo grandes empresas que nem sequer são elegíveis para este tipo de subsídio e estão a beneficiar dele. Com isto, o Governo gasta 20 milhões de euros por ano, e há desvios de 45 por cento desta verba, o que é um excesso”, disse o ministro numa entrevista ao semanário Expresso.Segundo Jaime Silva, “há cerca de 25 mil candidatos e 38 mil contratos, o que significa que alguns têm mais do que um contrato”, adiantou. “Destes, mais de 16 mil receberam menos de 200 euros por ano”.“Digam-me se 200 euros é um factor de competitividade numa empresa agrícola? Mais: metade desses 16 mil recebem por ano menos de 150 euros, logo o custo administrativo de implementação desta medida é superior ao que o produtor recebe”, explicou ao Expresso.Na entrevista, o governante diz que está a “adequar a máquina” do Ministério da Agricultura à mudança de política que tem de executar e referiu que as actuais sete direcções regionais da agricultura vão passar para cinco, com a fusão da do Minho com a de Trás-os-Montes e a da Beira Interior com a da Beira Litoral.O ministro admite que isso possa traduzir-se na dispensa de mais funcionários públicos, mas ainda não está em condições de dizer quantos serão abrangidos.Jaime Silva alertou também para a necessidade de haver uma agricultura mais competitiva e anunciou que metade dos 500 milhões de euros anuais de apoios será canalizada para essa finalidade.Lusa