Boss AC levou o hip hop a Vila Franca
A praça de touros de Vila Franca esteve longe de estar cheia. Mas para quem optou por assistir ao concerto de Boss AC a noite foi especial.
“Hip Hop é teres o direito de discordar do que quiseres/E não é menos Hip Hop só porque falas de mulheres/De certa forma Hip Hop é estar na política/Não aceitar tudo calado, é desenvolver consciência crítica”.Do meio do público, Ricardo Real acompanha Boss AC no tema “Hip-Hop”. Sabe a letra de cor e canta-a de alma e coração. “Hip Hop é modo de vida, modo de ser, modo de estar/Hip Hop é o que sou e o que sou vou continuar...” Diz a letra e diz Ricardo Real.As roupas XL e o estilo descontraído denunciam o gosto pelo hip hop do jovem de 14 anos. Por isso, não quis perder a oportunidade de ver e ouvir de perto um ícone do género nacional que na noite de sábado, 17 de Junho, levou até à Praça de Touros Palha Blanco, em Vila Franca de Xira, os sons urbanos da moda.Há um ano que começou a ouvir Boss AC e se tornou fã. Nem o frio, nem a falta de público no concerto de sábado à noite desanimaram Ricardo Real. “Está a ser espectacular”, gritou num entusiasmo febril.Entre os jovens de calças e t-shirts largas e bonés espalhados pela arena encontram-se Cecília Guerreiro, Catarina Caeiro e Daniela Arrojado. As três com 12 anos, fãs de hip hop e de Boss AC. É Daniela que explica, de forma simples, o gosto pelo rapper: “as músicas dele são sentidas”.Cecília assume-se como “a mais fã” e que por isso arrastou as amigas para a frente do palco. Cecília tem os três CD’s de Boss AC que ouve muitas vezes, sobretudo, o tema “Lena”, o seu preferido. Em palco, Boss AC, com uma camisola da selecção nacional a lembrar a passagem de Portugal aos oitavos-de-final no Mundial de Futebol, leva o público presente ao rubro com os temas mais conhecidos. “Princesa”, “Que Deus” e “Quieres Dinero” foram algumas das músicas que cantou com o companheiro Gutto e que puseram as parcas 600 pessoas a cantar. Maria Teresa Cláudio, 61 anos. Na bancada da praça de touros de Vila Franca descobre a cada tema quem é Boss AC, ao lado dos netos que a arrastaram até ao concerto. “Não podia deixá-los vir sozinhos”, diz a avó protectora e moderna que gosta “de qualquer música”.André Batista, de 13 anos, e Cátia Santos, de 14, são os netos apreciadores de Boss AC. Trazer avó não é problema, porque “seria bem pior se não pudéssemos vir”. A heterogeneidade de idades é uma das características do público fiel a Boss AC. Paulo Tristão tem 41 anos e começou a ouvir há poucos meses e agora é o músico que mais ouve quando anda de carro. “Gosto particularmente das tacadas que os gajos dão nos políticos”, explica.Por outro lado, Filipe Caniço com seis anos, é um imberbe fã de hip hop. “Ouvi na televisão e gosto de todas as músicas” diz o pequeno que veio ver Boss AC acompanhado do irmão Pedro, de 11 anos, também fã, e da mãe, Rute Caniço, que confessa não ser grande apreciadora do género. Fraca adesão Apesar da divulgação por todo o concelho e das expectativas em alta dos organizadores, pouco mais de 500 pessoas assistiram ao concerto de Boss AC. “Vila Franca portou-se muito mal”, lamenta Miguel Casquinha, produtor do espectáculo.O responsável da produtora Venha à Música explica a fraca adesão do público com a “falta de cultura da população de Vila Franca para ir a este tipo de eventos”. Miguel Casquinha está certo que não houve falhas na organização, nem no nome que trouxeram à praça, que normalmente “arrasta multidões”. O produtor adianta, no entanto, que agora “é tempo de levantar a cabeça” e trabalhar já na próxima aposta: o concerto com Daniela Mercury no dia 22 de Julho, no parque urbano de Vila Franca.
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