Os toiros da primeira grande corrida O MIRANTE, no domingo na praça Palha Blanco em Vila Franca, não permitiram aos toureiros brilhar. Os animais não investiam, apresentando sinais de mansidão. Mesmo assim os forcados amadores de Vila Franca de Xira fizeram três boas pegas, bastante aplaudidas pelo público. António Telles, o primeiro cavaleiro em praça, não conseguiu melhor do que despachar ferros sem grande convicção perante um toiro que não corria, que parava no momento da reunião. Daí a razão de alguns ferros descaídos. No entanto o animal permitiu uma boa pega ao forcado Pedro Castelo que se aguentou bem na forte arrancada do toiro.O sobrinho de António Telles, no segundo da tarde, mostrou-se nervoso. Manuel Telles Bastos arrancava com muita velocidade para o toiro e não conseguia, devido aos sinais de mansidão do animal que tinha uma crença pelos médios, cravar bons ferros. Foram novamente os forcados a brilhar e a salvar a situação. Mesmo quando na altura da pega o toiro se desviou falhando o primeiro ajuda, Ricardo Castelo, irmão gémeo de Pedro, aguentou-se bem na cara.Ao longo da tarde a esperança de melhores toiros foi-se desvanecendo. Inicialmente estavam previstos sete toiros da ganadaria Pontes Dias, mas dos nove descarregados na praça só três estavam dentro do peso regulamentar (mínimo 440 quilos). À última hora foi necessário ir buscar seis reses de José Pereira Palha e de Oliveira Irmãos. E, destes, dois também foram recusados por falta de peso, segundo informou o empresário da praça, António Manuel Cardoso. Nas lides a pé, o matador José Luís Gonçalves não conseguiu imprimir emoção porque o toiro muitas vezes não acompanhava a muleta. Seguiu-se Javier Valverde, o espanhol que actuou pela primeira vez em Portugal, que apanhou um toiro que arrancava forte e não se virava. Os cavaleiros voltaram à praça num mano-a-mano que voltou a evidenciar o nervosismo de Manuel Telles Bastos e o esforço de António Telles em tentar puxar pelo toiro que se refugiava em tábuas umas vezes e outras arrancava forte para os cavalos. Na pega, Bruno Casquinha encaixou-se bem nos cornos à primeira, mas os ajudas não conseguiram parar a forte investida. O que levou a que o forcado da cara fosse atirado contra as tábuas, tendo que sair de maca da praça perante uma enorme ovação do público. Depois de assistido na enfermaria verificou-se que não tinha nada partido. O primeiro ajuda Olavo Cabaço partiu uma costela. Os últimos dois toiros da tarde para José Luís Gonçalves e Javier Valverde também foram difíceis. Embora o matador português tenha feito uma lide melhor, muito devido ao seu empenhamento. Nota positiva para os bandarilheiros de José Luís Gonçalves que cravaram bons pares de bandarilhas, tendo ido a meio da praça receber a ovação dos aficionados. A lide de Javier Valverde terminou em polémica. O toiro que lhe calhou apresentava-se sem forças. O director da corrida, Pedro Gomes, já a meio da lide mandou recolher o toiro aos curros e entrar o sobrero (toiro de reserva). Uma decisão errada já que depois de bandarilhado o toiro pode ser retirado da arena mas não pode ser substituído. A situação motivou o abandono da praça por parte dos matadores e muitos protestos e assobios por parte da assistência. A corrida acabou sem que o sobrero fosse lidado.Já antes o director tinha falhado por duas vezes. Uma na lide de Manuel Telles Bastos quando mandou tocar a banda do Ateneu Artístico Vilafranquense para sublinhar uma actuação que não estava a correr nada bem. A situação foi tão a despropósito que foi o próprio cavaleiro a pedir para parar a música. Mais tarde, na segunda lide de José Luís Gonçalves - muito melhor que a primeira - quando o público pediu música o director fez-se rogado e demorou a dar indicações à banda.