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Salvemos a festa

O toiro é o protagonista da corrida. Quando não há toiro, não há nada. Por mais que se sacrifique os outros agentes da festa, e se procurem bodes expiatórios, a festa não vive sem toiros bravos, nobres e sérios. Os artistas portugueses têm de exigir toiros de qualidade aos empresários e não devem tourear a qualquer custo, só porque tem de ser.A corrida de domingo em Vila Franca de Xira, integrada no Colete Encarnado, tinha todas as condições para ser um êxito e acabou por ser mais uma tarde cinzenta na centenária Palha Blanco.Estavam anunciados sete toiros de Pontes Dias e tivemos três ganadarias em praça. Não pondo em causa o prestígio dos ferros José Palha e Oliveira & Irmão, os toiros recrutados à última da hora não saíram bem e os outros também não. Apesar do esforço e da entrega dos cavaleiros e dos matadores, faltou emoção. Valeram os forcados que levantaram a praça numa demonstração de arte e valentia.O público que paga o seu bilhete (o mais barato 17 euros para as galerias), e que paga 1,80 euros por uma cerveja, merece mais respeito e um espectáculo com dignidade. Só nos preços nos podemos comparar aos melhores. Tive oportunidade de seguir a corrida no sector 1, junto de algumas pessoas que não são aficionados e a convite de “O MIRANTE” faziam o seu baptismo. Como entusiasta da festa, tinha a esperança de que alguns convidados iriam começar a acompanhar-me nas praças, mas não tentei sequer convencê-los. O que viram foi mau demais. Foi uma corrida atípica mas, para eles, foi a primeira. E a primeira é sempre marcante.A tarde terminou da pior maneira com um grupo de aficionados a insultar o director da corrida por este ter desrespeitado o regulamento e ter mandado recolher um toiro que já tinha sido bandarilhado e tinha condições para ser lidado pelo matador espanhol Javier Valverde. O toureiro recusou tourear o ‘sobrero’ numa atitude legítima de quem está habituado ao rigor das arenas espanholas. Foi necessária a intervenção da PSP para proteger o jovem director da corrida.Vila Franca é um berço de toureiros, forcados e aficionados. Vila Franca tem uma praça centenária e cheia de memórias. Vila Franca respira aficion. Mas, Vila Franca está afastada da sua praça. Misericórdia, empresa responsável pela exploração da praça, câmara, clube taurino e restantes agentes da festa têm de se sentar à mesa e pegar o toiro de caras sem medos e sem hipocrisias. Os amigos da festa e os vilafranquenses agradecem.Nelson Silva Lopes

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