A falta de civismo dos condutores portugueses alastra como um tsunami. A agressividade solta-se como matilhas de rotweillers e abate-se sobre inocentes em todo o lado. Não sei se viste o estado em que ficou a cara daquele arrumador de Vila Franca de Xira?! Vinha no jornal da semana passada. Vê lá tu a ingratidão dos donos dos carros. O rapaz ali numa acção de voluntariado e zumba. Um fulano sai de uma carrinha Passat e vai-se a ele como se estivesse a malhar num dos famosos bombos de Lavacolhos, em dia de folia.Não se faz uma coisa assim. O arrumador é um dos últimos exemplos de altruísmo nacional. É a referência viva do moribundo sentido cívico português. Alguém que sacrifica os seus tempos livres para fazer bem aos outros e depois a paga é esta??!!Vê lá tu que o condutor se foi a ele sem aviso e que depois de o ver estendido como um carapau, sem dar acordo de si, se pôs em fuga. Uma barbaridade assim é uma dupla barbaridade. Ou tripla barbaridade, nem sei?! Agora sempre quero ver o que fazem as autoridades. Um outro arrumador chamado “Ventoinha” tirou a matrícula ao carro em fuga. O inspector “Patilhas” devia ser chamado a intervir. Isto é um caso sério!! É urgente unir esforços do “Patilhas” e do “Ventoinha”. Só os dois poderão ter êxito.Mas que ninguém fique à espera de super-heróis. A qualquer momento muitos outros automobilistas poderão ser atacados pelo vírus da violência gratuita. Basta-lhes entrar num parque de estacionamento e dar de caras com um arrumador mais ingénuo. Daqueles que pensam que a mão que se agita traz uma moedinha e que só descobrem o engano quando levam com ela em cheio no nariz. Ó infâmia! Ó ignomínia! O Ministro da Administração Interna, os Governadores-Civis, os Presidentes de câmara, a Polícia deveriam unir-se num cordão protector em torno dos arrumadores de carros. O Engº Guterres, essa Madre Teresa de Calcutá de calças, que tanto tempo dedica a causas humanitárias, também deveria ser convocado. É urgente tirar os arrumadores dos parques de estacionamento, afastá-los das zonas de perigo, protegê-los. O Governo que é tão lesto a mandar tropas para Timor deveria meditar sobre este assunto antes que seja tarde demais. Amanhã os nossos hospitais poderão estar cheios de arrumadores inanimados. As secções de gastronomia dos jornais repletas de caras de arrumadores feitas num bolo. Serafim, há semanas em que me sinto tão intranquilo que nem a boa prestação da selecção de futebol no mundial da Alemanha me acalma. Tu leste aquela reportagem sofre as fraudes fiscais nos casamentos? Vê lá tu ao que a gente chega. Já não bastavam as intoxicações alimentares. Já não bastavam os músicos encarregues de animar os copos de água com imitações farsolas do Quim Barreiros incentivando os recém-casados a cometeram as maiores barbaridades logo na noite de núpcias. Agora são os restaurantes que não passam facturas. Vê lá tu isto.Mas há casamento que resista sem uma factura? Claro que não! É por isso que a taxa de divórcios está a aumentar, pois claro. E toda a gente a meter a cabeça na areia. Ou a meter outra coisa na garagem da vizinha, sei lá. Este país é assim, ninguém liga e depois queixam-se. E há mais. O jornalista que escreveu a reportagem não se interroga sobre o assunto mas é uma questão pertinente. Porque é que os noivos também não passam recibos do dinheirinho que os convidados lhes dão? Espero bem que as finanças não actuem neste caso. Detestava ver a instituição matrimónio completamente arrasada.Um abraço nupcial doManuel Serra d’Aire