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Partir à aventura pelas águas do Tejo

Júlio Martins é técnico de turismo em Azambuja

O técnico de turismo Júlio Martins é o anfitrião do “Vala Real”. O barco varino que leva os turistas pelas ilhas do Tejo, no concelho de Azambuja.

Um grupo de ingleses prepara-se para entrar a bordo do barco varino “Vala Real”, no cais do Palácio da Rainha, em Azambuja. É o início de mais uma viagem pela rota dos mouchões que já conquistou público além fronteiras.Para o técnico de turismo da Câmara Municipal de Azambuja, Júlio Martins, residente em Aveiras de Cima, esta é a prova da qualidade do produto que é a rota dos mouchões, verdadeiro ex-libris turístico do concelho.Há quatro anos que a embarcação sobe rio acima para mostrar a visitantes de todo o país o cenário do Tejo. Júlio Martins cumpre a função de guia turístico, ao lado de dois mestres.A rota segue a montante do rio. Tudo depende da maré. “Zelamos muito pela segurança, porque andar no rio é complicado. Temos dois mestres na condução do barco. É um “casamento” perfeito. Um esteve 42 anos na marinha e foi sargento instrutor num navio. Outro é pescador avieiro e conhece o rio como ninguém”.Marinheiro e pescador também animam a viagem e vão explicando as técnicas de navegação de outros tempos. Em três anos já transportaram mais de três mil pessoas num barco que só leva 22 de cada vez. A rota segue até das ilhas do Tejo. Com paragem obrigatória no paraíso dos cavalos selvagens. A bordo do barco desvendam-se os segredos da fauna e flora. As cegonhas, as garças brancas, os corvos marinhos e as galinholas ajudam a colorir o percurso que às vezes se esgota na manhã, outras vezes se prolonga tarde fora.Tudo depende do tipo de grupo que navega. Os clientes da rota dos mouchões vêm de todo o país e do estrangeiro e são cada vez mais diversificados. Desde o grupo de turistas e empresários até à turma de alunos.As actividades são à escolha do freguês. Há olimpíadas dos mouchões e piqueniques para os mais novos. Quem desejar pode optar pelo passeio com almoço na margem do Escaroupim, Salvaterra de Magos, do outro lado do rio. Ou simplesmente ir a banhos numa autêntica praia escondida entre os mouchões.A ideia de explorar o rio a nível turístico surgiu em 2002, ano em Júlio Martins deixou o mundo das agências de viagens para aceitar o convite da autarquia. Encontrou-se com a embarcação ancorada no estaleiro da câmara e a paixão pelo barco foi imediata. “Quando ouvia falar em barco imaginava um bote, nunca pensei que tivesse esta dimensão. As ideias começaram logo a fervilhar”, confessa.A missão do técnico de turismo é trazer cada vez mais turistas ao concelho. Quer através da página da Internet da autarquia, quer por intermédio de agências de viagens ou da Bolsa de Turismo de Lisboa. “Com os orçamentos reduzidos é preciso arranjar mil e uma artimanhas para tirar alguma ideia da cartola”, diz Júlio Martins.A embarcação de madeira, construída pela autarquia com recurso a apoios comunitários, foi sujeita a uma operação de estética e enviada de novo ao rio. É lá, entre o sussurrar dos salgueiros e choupos, que Júlio Martins se sente realizado. Prefere o trabalho de campo à monotonia do horário das nove às cinco.Apesar de trabalhar para uma autarquia o horário nunca é fixo. Quando há viagens marcadas tem que trabalhar-se ao fim de semana. A compensação é feita durante os dias úteis com uma ou outra manhã. O mais difícil é trabalhar com pessoas, mas o profissional de turismo, que trabalha na área há 15 anos, sabe bem o que fazer quando se trata de gerir conflitos.Nem só a rota dos mouchões ocupa o dia a dia de Júlio Martins. O pavilhão de artesanato da Feira de Maio e a Ávinho, um certame dedicado ao vinho, em Aveiras de Cima, são outros dos eventos dinamizados pelo técnico.“O que é apaixonante nesta área é podermos inventar, criar coisas novas. É isso que torna o turismo inigualável em relação às outras áreas que acabam por ser um pouco rotineiras”, diz o técnico que já tem recebido cartas a elogiar o trabalho. O inverso também acontece, como naquele dia em que um grupo de turistas não gostou que as moscas tivessem aparecido para o piquenique nos mouchões sem terem sido convidadas e reclamou.Júlio Martins, 34 anos, é natural do Algarve. Rumou a Lisboa para tirar o curso de turismo no Instituto de Novas Profissões e acabou no Ribatejo onde já constituiu família.Trocou a água salgada pela água doce, mas não se arrepende. Muitos dos seus dias de Abril a Outubro são partilhados a bordo do varino “Vala Real” na companhia dos que partem à aventura pelas ilhas do Tejo. Ana Santiago

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