Olá Avô, estou-te a escrever para te dizer que a tua feira, a nossa feira, está de rastos.Lembro-me de tu ligares para perguntar quantos bilhetes queríamos. Sector 1, fila 7, número 11 era sempre o teu lugar, os nossos a seguir. Calçavas os teus botins castanhos, chapéu a mazantino e o blazer creme de linho. Fazias gala em ir aos toiros. Praça cheia, alternativas, triunfos era a nossa alegria, hoje praça vazia e pouco mais. Não sei que volta se pode dar a isto, mas gostava que tu ai no céu tentasses encontrar os teus amigos Srs. Celestino Graça, Manuel Custódio e António Cacho e mais tantos ribatejanos que aí estão e dizerem-nos a nós que tanto estimamos o nosso Ribatejo que volta a dar.Juro-te, tenho pensado e não sei pois tudo hoje é politicamente correcto ou incorrecto. Fala-se em a praça ir para o CNEMA, olha Avô já não és desse tempo mas hoje há meia dúzia de campinos e um jogo de cabrestos e anda tudo á guerra, ministro com agricultores, esses agricultores que tanto deram à nossa feira, temos de lhes agradecer tudo o que por ela fizeram, mas os tempos eram outros lidava-se com pessoas de bem, hoje lida-se com políticos “ outra gente”. A nossa feira está doente. Pede a Deus que nos ajude cá em baixo se não morremos todos d’alma. Aguardo resposta. Um beijo amigo do teu neto Caloca.Carlos Alberto Ferreira Lucas Martins - Santarém