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Meditabundo Manuel Serra d’Aire

Manuel Serra d’Aire quero aqui lavrar o meu protesto (embora não seja agricultor) pela limpeza que se fez ao matagal que marginava algumas estradas desta região. De repente as bermas ficaram todas com um corte à escovinha. E em vez de viçosos arbustos, silvas e flora do género, ficou à mostra o lixo que os portugueses se foram entretendo a meter para debaixo do tapete, que é como quem diz para o meio das silvas. Perdemos o mato e ganhamos a vergonha de assistir a pequenas e médias lixeiras onde menos esperávamos.Basta dares uma volta ali pela avenida ao pé do Hospital de Santarém para veres do que os portugueses são capazes quando se empenham. Essa é uma das nossas bandeiras. Talvez mais genuína que a que muita gente pendurou na varanda, porque o entusiasmo dura todo o ano. Porque não está dependente das vitórias e derrotas de onze gajos atrás de uma bola.Na esterqueira só dependemos de nós. Não precisamos do Scolari a ditar-nos o que devemos fazer. Aí até somos capazes de lhe dar umas lições. Agarramos na fralda do bebé, no recipiente do iogurte, na lata da cerveja e zás! Tudo para a valeta, para o meio das silvas ou para onde calhar com uma destreza da fazer inveja ao Pauleta na hora de rematar à baliza. E sempre com aquela inocente descontracção que caracteriza os pobres de espírito. Exemplar Manel deixa-me chamar a atenção para um erro de palmatória no teu último e-mail. Passas o texto a chamar arrumador ao homem de Vila Franca que levou umas peras de um condutor maldisposto. Pois é, meu caro: o tempo dos arrumadores já lá vai. Hoje são técnicos de aparcamento automóvel, tal como os antigos contínuos passaram a ser auxiliares de acção educativa, a Junta Autónoma de Estradas deu lugar à Estradas de Portugal ou o Guterres com bigode deu lugar à versão rapada.Bem diz o povão que um azar nunca vem só. Já não bastava ao indivíduo ter ficado com um olho à Belenenses e ainda é vilipendiado na praça pública ao ser chamado de arrumador para cima. Não sei se não te arriscas a um processo cível por ofensa à honra. Uma coisa é ser técnico de aparcamento automóvel. Outra bem diferente é ser apodado de arrumador perante milhares de leitores.Que credibilidade vai ter esse profissional no mercado do aparcamento automóvel? Quem vai confiar na sua habilidade sem temer sujeitar-se a um risco na porta ou a um pneu furado se der menos de um euro? Chamar-lhe arrumador é o mesmo que chamar curandeiro ou endireita a um médico. Ou bruxa à ilustre vidente Linda Reis. Chamemos pois os bois (salvo seja) pelos nomes. Quero ainda deixar aqui uma palavra de solidariedade aos trabalhadores da Câmara de Azambuja que foram recentemente apanhados com o grão na asa. Grão é uma força de expressão, porque um motorista tinha 2,76 gramas de álcool por litro de sangue e um mecânico chegava aos 3,39 g/l.Infelizmente, mais uma vez, a comunicação social só explorou a faceta negativa da questão. Não houve uma única alma penada que tenha ressalvado o espírito de sacrifício desses dois abnegados funcionários, que provavelmente já viam dois camiões ou duas chaves inglesas mas mesmo assim estavam ao serviço para o que desse e viesse. E infelizmente para eles veio o famigerado balão.É da mais elementar justiça salientar que qualquer pessoa normal, com uma dose dessas, tem vontade de tudo menos de trabalhar. Isto se conseguir manter-se em pé. O facto de estarem ao serviço e de ainda por cima terem fôlego para soprar no balão é revelador dos seus carácteres. Brindo pois à sua saúde, estimando que estejam melhor da ressaca…Saudações báquicas do Serafim das Neves

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