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Veraneante Manuel Serra d’Aire

As minhas suplicantes desculpas pelo tratamento que te reservei no meu último e-mail. É óbvio que em vez de meditabundo devia ter-te chamado meditabunda. Aliás, neste país anda meio mundo a meditabundar outro meio. Porque é difícil alhear a vista dos generosos contornos femininos que as roupas de Verão nos proporcionam. E tal como tu, também eu sou um meditabunda compulsivo. Aliás não somos os únicos a olhar o céu. Porque de visões do paraíso se trata, pelo menos nalguns casos. Há uns dias disseram-me que andava um senhor já com idade para ter juízo a espiar casais de namorados no jardim das Portas do Sol, em Santarém. Um clássico, portanto.Ao que parece, ao espião só lhe interessa metade do alvo, precisamente a metade feminina do casal. E de preferência se usar decotes ousados, mini-saias ou calças de cintura descaída que deixem muita pele à mostra. O uso de binóculos é um dos seus trunfos. O que revela que é um mirone aplicado que investe na tecnologia para melhor cumprir a sua nobre missão.No meio de tudo isto, só me admira que os espiados ainda tenham a lata de protestar. Não consigo compreender as mulheres que por um lado se divertem a mostrar quase tudo o que Deus lhe deu e ao mesmo tempo ficam indignadas se um tipo olha para o material. Com uma mão dão, com a outra tiram. Com os casalinhos de namorados é a mesma coisa. Uma pessoa vai passear ao jardim e se deparar com dois jovens na marmelada ainda tem a obrigação de desviar o olhar para não invadir a sua privacidade. Era o que mais faltava!Por isso, se o senhor de idade que observa namorados em jogos amorosos me estiver a ler, fique sabendo que conta com o meu apoio. Provavelmente com uma reforma miserável e sem dinheiro para ter em casa canais codificados como o Playboy e o Sexy Hot, tem de se governar com o que há. Quem não tem cão caça com gato. E como olhar ainda não paga impostos vá aproveitando. Obstinado Manuel Serra d’Aire, tal como uma leitora te fez a observação de que meia dúzia de linhas bastavam para expressares as tuas ideias, também eu estou sujeito a críticas por insistir nestes assuntos que metem decotes, curvas e pensamentos libidinosos e depravados.Mas o que é que se há-de fazer? Para qualquer lado que se olhe o que é que se vê? Sexo! Repara nos anúncios da TV. Para se vender qualquer coisa não há como pôr uma boazona a anunciar em poses e vestes provocantes. E até na rádio as mensagens subliminares de cariz sexual são evidentes. Já para não falar das séries juvenis como a dos “Morangos com Açúcar”. Aquilo é pornografia para adolescentes. E eles gostam pouco gostam!Se essas prestigiadas marcas e esses poderosos canais televisivos utilizam o físico para vender seja o que for, porque não havemos nós de utilizar esse chamariz para vender o nosso peixe. Eu sei que há gente que preferia que escrevêssemos sobre religião, lavores ou sobre a influência da uva mijona na nossa vinicultura. Mas é a tal coisa das audiências. Sem sexo quem nos lê ou pelo menos quem pára na página para olhar a fotografia aqui ao lado? Confesso que gostava de tratar de assuntos mais pios nesta rubrica. Como a importância da catequese no desenvolvimento psicossomático de um jovem imberbe ou como ir a Fátima a pé sem fazer bolhas nos calcantes. Mas isso seria fazer concorrência desleal à caterva de jornais que já se dedicam a esses nobres temas. Tende pois piedade deste vosso servo Serafim das Neves

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