Amor em tempo de fuga
Gertrudes Paulino e Manuel da Silva só casaram depois do 25 de Abril
1945. Gertrudes Paulino tinha 22 anos. Deixou Vila Franca de Xira, atravessou o Tejo e encontrou-se com Manuel da Silva. Nunca se tinham visto até aí. Em comum só tinham um ideal: a luta pelos direitos dos trabalhadores. E partiram assim para o desconhecido. Rumo à clandestinidade.Primeiro o Algarve, depois Viseu. Até ao Ribatejo. A Ereira, a pequena aldeia do concelho do Cartaxo também recebeu o casal. Seguiu-se Torres Novas, Malveira, Porto e Lisboa.Aquela que se vislumbrava à primeira vista uma mera luta partidária foi tomando aos poucos a forma de namoro. “Maria”, nome dos tempos de clandestina, garante que não foi paixão à primeira vista. Foi a “convivência” que os aproximou. Da relação criada em tempo de fuga nasceram duas crianças. Gertrudes Paulino refere-se a Manuel da Silva, companheiro de uma vida, na clandestinidade e fora dela, como o ‘Manel’. Parece que fala de um mero camarada. Fruto do hábito. A relação dos dois amantes – condição que tiveram em algumas terras - só foi oficializada 30 anos depois. “Só casei depois do 25 de Abril”, diz “Maria” que fala com carinho do saudoso camarada.
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