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A artesã da fantasia

A artesã da fantasia

Sónia Simões decidiu criar o seu próprio emprego na Azambuja

Depois de seis anos a trabalhar como esteticista Sónia Simões decidiu mudar de vida. Juntou as peças de artesanato que fabricava em casa, alugou uma loja na Azambuja e criou o seu próprio posto de trabalho.

O ateliê “Zaír” de Sónia Simões está escondido numa das ruelas de Azambuja, em frente à estação de comboios. É lá, num espaço pequeno, decorado com cores alegres, na Rua Boavida Canada, que a artesã dá todos os dias largas à imaginação para criar colares, pulseiras, anéis e outros acessórios femininos.As pequenas contas coloridas que a jovem artesã utiliza nas suas peças são confeccionadas em casa, na Azambuja, com uma massa especial que não precisa de ir ao forno. As formas são variadas: quadradas, rectangulares, redondas e com relevo. Sónia Simões pinta-as depois minuciosamente na oficina utilizando um pincel fino. O azul, preto, verde e vermelho dominam os tons das peças. Este ano Sónia Simões quer acompanhar as tendências da moda e está também a apostar nos tons prateados, beges, dourados e azuis brilhantes.O dia é passado sobre a mesa de trabalho. A pintar e a criar peças únicas fabricadas de uma forma totalmente manual. Entre as dez da manhã e as sete da tarde. “Não faço uma peça igual à outra. Mesmo quando tento voltar a fazer a mesma peça acaba por sair sempre diferente”, descreve a artesã, 31 anos, natural de Vila Franca de Xira.Vinte contas confeccionadas à mão podem levar quase duas semanas a fabricar, diz enquanto mostra um tabuleiro azul onde coloca as contas acabadas. É um trabalho inglório que muitas vezes as pessoas não compreendem, queixa-se a artesã.Para completar as pulseiras e colares que confecciona Sónia Simões utiliza contas pintadas à mão, mas também em vidro. Na loja vende fechos e missangas que vai comprar a Lisboa e que os clientes também podem adquirir para confeccionar peças em casa. O croché, o arame e a madeira são materiais que utiliza nas suas produções. Tal como a resina ou até o acrílico.Sónia Simões gosta sobretudo de produções grandes e originais. O que mais lhe custa é ter que ceder ao gosto dos outros para tornar os objectos mais comerciais. “Se pudesse continuava a fazer como em casa. Como se fosse para mim”, diz a artesã. A paixão de Sónia Simões não passa só pelos acessórios. Também se aventura na confecção de roupas e malas e faz questão de decorar a loja com os quadros que pinta.Sónia Simões trabalhou durante seis anos como esteticista até que decidiu que queria mudar de vida. “Era uma profissão que já não me realizava”, confessa. Ficou em casa durante oito meses, tempo que aproveitou para dedicar ao artesanato. Uma actividade que já a ocupava muito de forma espontânea. “Quando dei conta a sala de minha casa já estava transformada num ateliê e eu e o meu marido já nem tomávamos lá as refeições”, descreve a auto-didacta.O espaço que alugou no centro da vila foi uma forma de garantir um ateliê que lhe permitisse espaço para criar e comercializar ao mesmo tempo as suas produções. A empresa só tem um mês e meio, mas Sónia Simões tem esperança de conseguir fazer crescer o espaço no futuro. O marido, inspector do trabalho, foi uma das primeiras pessoas a apoiá-la.Para quem já experimentou o trabalho no escritório e atrás de um balcão é importante encontrar a vocação. Mais do que a rentabilidade do negócio. Sónia Simões gostaria de chegar mais longe no mundo da joalharia. Em vez de madeira e contas de vidro sonha criar peças em ouro, prata, diamantes e pedras preciosas. “Gostava de fazer uma colecção para um estilista”, diz Sónia Simões que ainda não perdeu a esperança de deixar o mundo da fantasia para dedicar-se de corpo e alma às jóias verdadeiras. Dignas de uma rainha.Ana Santiago
A artesã da fantasia

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