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Duas mil crianças sem pré-escola em Vila Franca de Xira

Quando abunda dinheiro para resolver a persistente crise financeira dos clubes de futebol do concelho, para construir rotundas, para pagar prebendas mensais a um exército de avençados da autarquia, é óbvio que o dinheiro vai faltar nalgum lado.Vai faltar, por exemplo, na educação das nossas crianças e jovens, vai rarear na implementação de políticas sociais eficazes, ou pura e simplesmente não vai existir para a reabilitação e a valorização do património cultural que foi abandonado ao desleixo e condenado ao desaparecimento.Acresce que o urbanismo no concelho de Vila Franca de Xira tem-se definido em torno dos interesses e das mais valias dos grandes promotores imobiliários e da inexistência de uma ideia clara e sustentada de cidade e de território por parte da Câmara Municipal.O crescimento concretiza-se à margem de qualquer ideia de equilíbrio, de bom senso, e de uma adequação entre pressões construtivas e o nível de oferta de equipamentos e infra-estruturas.O concelho cresce sem qualquer planeamento, sem regras, sem critérios de interesse público e depois, claro, falta tudo. Faltam escolas, faltam centros de saúde, e o hospital de Vila Franca está a rebentar pelas costuras. As bibliotecas municipais nas duas maiores cidades do concelho estão quase ao nível, em matéria de equipamento, de simples bibliotecas escolares. O Museu do Ar vai-se, em definitivo, embora de Alverca. O estacionamento automóvel é desordenado. Os armazéns, os contentores e os depósitos clandestinos de entulhos pululam por todo o lado e desfeiam a paisagem do concelho. Falta uma rede de transporte público que assegure comodidade, segurança e conforto às populações da zona sul do concelho que fazem o seu percurso matinal de pé no comboio, tal e qual como o faziam há 25 anos atrás.Falta espaço público, faltam jardins, falta convivencialidade e cidadania. Mas falta tudo isso, desde logo, porque nunca nenhum poder político, o central ou o municipal, alguma vez vai ter uma capacidade de resposta às solicitações de serviços públicos da comunidade local com a mesma celeridade com que a função residencial tem crescido no nosso concelho. Não nos esqueçamos que no último censo da população nacional, uma das nossa freguesias - a da Póvoa - foi identificada como a que mais cresceu em todo o país. E na década e no censo anteriores, tinha sido a freguesia do Forte da Casa a campeã nacional do crescimento demográfico.Vão-se também sucedendo os escândalos relacionados com a construção de edifícios sem licenças camarárias, ou aprovados à margem das normas dos planos municipais de ordenamento do território, que foram elaborados pela própria autarquia. Repetem-se as acções em tribunal contra o município, por iniciativa de grupos de cidadãos, ou da Procuradoria da República. Algo está muito podre neste “reino da Dinamarca”.Fernando Neves de Carvalho

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