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Baterista dos GNR de volta à terra onde passou a infância

Para Tóli César Machado o concerto de Coruche é muito especial

O grupo GNR volta a Coruche dez anos depois da sua última actuação na vila. É um momento especial para todos os músicos, mas sobretudo para o baterista. Tóli César Machado viveu ali parte da sua infância e de vez em quando pondera um regresso definitivo “às raízes”.

No dia 19 de Agosto, sábado, os GNR cantam nas Festas de Coruche. A banda regressa à vila Ribatejana dez anos depois de ali ter passado, mas para um dos músicos o regresso é especial. Tóli César Machado, um dos fundadores do Grupo Novo Rock volta a “casa”. Sendo a mãe natural de Coruche, o baterista do grupo passou a grande parte das férias da sua infância na vila. Chegou a viver lá durante dois anos. Ainda mantém contacto com amigos da altura. Dos tempos de garoto na vila ribatejana tem na memória o cheiro do campo, as brincadeiras ao ar livre e os cavalos. Volta sempre que pode, não tantas vezes como gostaria, para rever amigos e familiares. De vez em quando vem-lhe à ideia um regresso definitivo “às raízes”.No ano em que comemoram 25 anos, os GNR vão actuar nas festas da Nossa Senhora do Castelo em Coruche para reviver um quarto de século de músicas e mostrar que estão aí para as curvas.Poucos são aqueles que não saibam, pelo menos, cantarolar temas como “Dunas” ou “Efectivamente”. São sucessos que fazem parte do percurso do Grupo Novo Rock (GNR) que Tóli César Machado vê como “muito positivo”. A grande novidade deste Verão também irá ser cantada a plenos pulmões pelo público de Coruche. Quem não conhece o refrão do antigo sucesso do “rei” da música brasileira, Roberto Carlos, “Eu quero que você me aqueça neste Inverno/E que tudo o mais vá p’ró inferno” a que os GNR deram agora nova vida?Em retrospectiva o baterista, e um dos fundadores do grupo, não tem dúvidas que o caminho seguido pelos GNR tem sido “o caminho certo”, independentemente dos percalços. Mais certo do que contavam, porque, acrescenta, “se há 15 anos me dissessem que iríamos ter os resultados que temos tido eu não acreditava”. O acolhimento junto do público levou-os a calcorrearem o país, desde as grandes cidades ao interior, e muitas outras nações. Por terem levado a língua portuguesa além fronteiras receberam, inclusive, a Medalha de Mérito Cultural atribuída pelo Governo no ano passado por ocasião do 25º aniversário. Tóli César Machado é o único elemento que resta da formação inicial, composta ainda por Alexandre Soares, na guitarra e voz, e Vítor Rua a guitarra. Corria o ano de 1981 quando estes jovens irreverentes sacudiram a cidade do Porto com um terramoto “pop-rockiano”. Com o single “Portugal na CEE” os GNR apresentaram-se ao público incluindo-se no lote de bandas que marcaram o nascimento do rock português, como os Xutos e Pontapés, Heróis do Mar e Táxi.Em 1982, já com Rui Reininho (o actual baixista, Jorge Romão entra para o grupo um ano depois), editaram o primeiro LP, “Independança”, que aplaudido pela crítica, passa ao lado do público. Um ano depois começaram os problemas, a pior época para a banda, segundo Tóli César. Entre 1983 e 1984 não terão realizado mais de quatro espectáculos. Depois do “boom” do rock nacional as editoras e as novas formações musicais sucederam-se em catadupa com prejuízo para a qualidade. Resistiram os melhores, e entre eles os GNR. Depois de um turbulento arranque a banda do Porto conquistou o público português que nunca mais os abandonou. Clássicos como “Dunas”, “Efectivamente” ou “Pronúncia do Norte” fazem hoje parte do imaginário musical e social do país. “É muito gratificante! Quando as músicas deixam de ser nossas e passam a pertencer a todos”, observa Tóli César Machado. Os GNR podem ainda orgulhar-se de ter no seu currículo um feito inédito para uma banda portuguesa: encher o Estádio de Alvalade. Em 1992 a casa do Sporting recebeu 40 mil pessoas para ver e ouvir a banda que recentemente havia lançado o álbum “Rock in Rio Douro”. Onze discos de originais e algumas colectâneas depois, os GNR lançaram este ano “O melhor dos GNR: Continuação vol. 3”. Um álbum que ao invés de conter os sucessos da banda destes 25 anos, tira do baú temas menos conhecidos, alguns nunca editados em CD e outros inéditos. Um trabalho que Tóli César Machado considera “muito conseguido”, por recuperar “os chamados lados B’s que estavam esquecidos”. “Continuação” e uma versão de “Quero que tudo vá para o Inferno”, de Roberto Carlos sãos os inéditos incluídos no álbum.Como explica o baterista da banda, a ideia de gravar a versão do sucesso de Roberto Carlos surgiu pelo divertimento que dava aos GNR cantar a música em palco. “Foi um bombom que quisemos dar”. As comemorações do aniversário vão ainda passar pelo lançamento de um DVD e com concertos nos coliseus de Lisboa e do Porto. Um novo disco de originais fica entretanto prometido para o próximo ano. Porque os GNR ainda têm muito para dar. Sara Cardoso

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