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O construtor de piscinas

O construtor de piscinas

Jorge almeida diz que hoje em dia há muitos curiosos a trabalhar no mercado

Há mais de duas décadas que Jorge Almeida constrói piscinas. Começou em Andorra, passou por Espanha e em 1993 instalou-se em Ourém, concelho onde nasceu. Hoje chega a fazer 900 quilómetros diários para supervisionar as suas obras.

Começou cedo na construção civil e especializou-se no sub-sector dos revestimentos e impermeabilizações. No final da década de 80 Jorge Almeida recebeu a proposta da sua vida – trabalhar para uma empresa de Andorra. Os 700 contos (3500 euros) de vencimento e o desafio de trabalhar numa empresa de tecnologia avançada pesaram na decisão de deixar Portugal.“Trabalhar para uma empresa estrangeira num país desconhecido era um desafio e o vencimento muito aliciante. Naquela altura pouca gente ganhava 700 contos por mês”, diz o construtor de piscinas.Na empresa Matecosa especializou-se no sub-sector dos revestimentos. “Fazia todos os trabalhos de impermeabilização e estanquicidade”, refere, dando exemplos de algumas das grandes obras que executou, como a estanquicidade do hotel Plaza e de um posto da polícia. Mais tarde passou a ser responsável por uma equipa que trabalhava apenas na construção de piscinas.Em 1992, já em Espanha, foi responsável por toda a impermeabilização dos equipamentos executados para os jogos olímpicos de Barcelona.Depois da aventura internacional, decidiu voltar para Portugal. Em 1993, a convite da multinacional Solvay veio dar formação sobre aplicação de tela PVC, uma técnica que na altura estava a dar os primeiros passos em Portugal. “Fui um dos quatro escolhidos pela empresa para formar instaladores de tela PVC”.Em simultâneo abriu uma empresa própria em Ourém, com o mesmo nome da empresa que em Andorra lhe proporcionou grande parte dos conhecimentos que hoje possui. E pouco tempo depois abriu uma segunda sociedade, denominada Ouripiscinas.Mas Jorge Almeida passava muito pouco tempo nas empresas, praticamente só lá ia para buscar material. “Andava sempre de um lado para o outro. No início tínhamos de fazer o trabalho onde ele aparecia. E éramos solicitados de Bragança a Vila Real de Santo António, para colocarmos tela PVC”.As coisas não mudaram muito de então para cá. Jorge Almeida continua a percorrer o país, agora a supervisionar as suas equipas, que contam já com duas dezenas de profissionais. Faz centenas de quilómetros mas raramente pernoita nos locais que visita, preferindo ir dormir a casa, para ficar junto da família. Mesmo que tenha de ir ao Algarve ou ao Minho. “Já fiz 900 quilómetros num dia”.Hoje Jorge Almeida é um nome conceituado no mercado da construção de piscinas, que abarca actualmente 90 por cento da actividade das suas empresas. Tem obras a decorrer em simultâneo por todo o país, desde Arcos de Valdevez (Minho) a Manta Rota (Algarve)O crescimento do mercado “obrigou-o” a abrir uma filial da Matecosa em Aljezur, de modo a satisfazer a procura algarvia, nomeadamente de particulares. A nível empresarial fez várias piscinas para grandes empresas, como o grupo hoteleiro Pestana.E há obras que pela sua grandeza lhe ficaram na memória. Como a piscina do Hotel Alambique, no Fundão, que rodeia duas “ilhas” onde estão implantados os restaurantes da unidade. As piscinas do novo Zoomarine de Lisboa e a da pousada da juventude de Angra do Heroísmo, nos Açores, são outras obras que lembra, pela sua complexidade.Além de trabalhar por conta própria Jorge Almeida dá também assistência a outras empresas do sector da construção, ao nível dos revestimentos, seja em ervinel (pastilha de vidro) ou em tela PVC. “Já revestimos espelhos de água com mais de mil metros quadrados”.Só constrói piscinas em betão, armado ou projectado. Porque acredita que são as melhores técnicas para a durabilidade de uma piscina. Num mercado cada vez mais concorrencial o construtor de piscinas diz que continua a preferir a qualidade à quantidade de serviços.Em relação à proliferação de empresas e empresários individuais neste mercado Jorge Almeida salienta que há muitos curiosos a trabalhar. “É Portugal no seu melhor. Quando os ovos davam dinheiro toda a gente desatou a fazer aviários e o mesmo acontece com a construção de piscinas. Pensam que ficam ricos rapidamente e por isso hoje em dia toda a gente constrói piscinas”.Quem fica a perder são muitas vezes os consumidores, que para poupar uns tostões mandam fazer piscinas a quem lhes oferece o orçamento mais barato. “Só que às vezes o barato sai caro e já tenho sido chamado a remediar situações complicadas”.Para Jorge Almeida ter uma piscina deixou de ser considerado um luxo e passou a ser quase uma necessidade. “As pessoas trabalham durante cinco dias por semana, passam horas em filas de trânsito e ao fim de semana, a pedido da família, voltam às filas de trânsito para ir para a praia. É por isso que muita gente prefere ter uma piscina em casa”.Até porque com a concorrência os preços desceram. Apesar de, como diz o construtor, o custo dos equipamentos (skimers - aparelhos que fazem a limpeza da linha de água da piscina através da sucção, filtros e injectores) ser cada vez maior. “Hoje trabalha-se cada vez com menor margem de lucro”.Margarida Cabeleira
O construtor de piscinas

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