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Parceiros no crime

Já aqui fiz alusão às rivalidades entre irmãos.Mas, por vezes, na adversidade, a amizade fraternal transforma os irmãos em parceiros do crime, co-autores, ou, segundo a terminologia cinematográfica, partners in crime.Um clássico é o envolvimento amoroso entre cunhados. Nesses casos, por vezes, os irmãos preteridos unem-se para se vingarem.Certa vez, soube de um caso curioso.Um homem tinha casado a filha.Como o marido a deixou algum tempo depois, tal facto causou uma enorme devastação na família da jovem recém matrimoniada.Por mero acaso, o pai dela cruzou-se com o pai do marido que abandonara o lar conjugal. Os dois compadres não tinham razão para se darem mal. No entanto, o progenitor da esposa disse:- Eu preferia que a minha filha ficasse viúva do que vir a divorciar-se. Antes enviuvar do que ser divorciada.Ignoro se era ou não ameaça de morte. Em todo o caso, não seria agradável de ouvir, para o pai do indivíduo.Sucede que a jovem abandonada pelo marido tinha um irmão.Também ele tivera pouca sorte com o casamento.A mulher saíra de casa, para ir viver com outro homem.Quem era o novo companheiro? Precisamente o seu cunhado. O tal marido da irmã.Desfizeram-se dois casamentos de uma só assentada.Ora este tipo de situações é mais comum do que se pode imaginar.Nalguns casos, o desejo de retaliação termina em tragédia.- Mana, sabes onde é que o teu marido está neste momento?Com esta pergunta - feita quando já passava da meia-noite - iniciou-se um drama, na Chamusca, há perto de dez anos atrás.A questão era retórica e ele comunicou a resposta à sua irmã:- Está com a minha mulher, em Almeirim.A esposa tinha-o abandonado dois meses antes, passando a viver com os dois filhos, na terra da sopa da pedra.Pelos vistos, encontrara no marido da cunhada – ou concunhado, como por vezes se diz – um companheiro para os momentos em que se sentia mais carente.Os dois irmãos fizeram-se à estrada.Chegados a Almeirim, verificaram que, junto à casa onde vivia agora a mulher, realmente encontrava-se estacionado o veículo do marido da senhora que vinha da Chamusca.Eram quatro da manhã.Para impedirem que o homem regressasse a casa, esvaziaram os pneus do automóvel.De qualquer modo, o que se passou de seguida não era nada compatível com este truque de impedir a saída com a viatura.Ao que parece, a intenção, pelo menos do irmão traído era a de que as coisas terminasse da maneira mais sinistra possível: uns na cadeia e outros no cemitério.Por isso, ele fez-se acompanhar de uma pistola devidamente municiada.E, realmente, fez uso dela.Acompanhado da irmã, entrou na casa, através da janela.Os dois amantes encontravam-se deitados.O homem foi atingido com um projéctil na cabeça.Quanto à senhora, levantou-se após ter acordado sobressaltada com aquela entrada de rompante, com propósitos assassinos.Deixou o quarto e refugiou-se na dependência onde pernoitavam os seus filhos.Nada preocupados com a circunstância de os menores presenciarem a tragédia, os dois irmãos perseguiram-na. Foi atingida com duas balas, uma das quais na cabeça.No entanto, manteve-se consciente.Depois de os criminosos abandonarem o local, a mulher conseguiu deslocar-se a casa de uma vizinha, que a socorreu.Milagrosamente, o homem que todos julgavam morto sobreviveu. * Juiz(hjfraguas@hotmail.com)

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