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Altruísta Manuel Serra d’Aire

Obrigado pelas tuas encorajadoras palavras. É sempre bom saber que não estamos sozinhos em determinadas cruzadas. E esta que mete merda canina não é uma cruzada qualquer. Os psicólogos deviam debruçar-se (mas com o devido cuidado, para não o pisarem) sobre este fenómeno. Há ali matéria que dá para um tratado. Quem tem prazer em conspurcar o espaço de todos e atentar contra a saúde pública não pode bater bem da bola.Sinceramente preferia não queimar os meus neurónios e ocupar os meus sentidos com assuntos deste calibre. É Verão, período dado a alguns exageros e libertações, e dois olhos e os restantes sentidos são manifestamente poucos para abarcar tudo o que de bom a natureza nos oferece nesta altura. Mas nesta vida há sempre um senão ao virar da esquina. E o senão mais recente vinha numa notícia de O MIRANTE da semana passada. Lá para os lados de Tomar alguns habitantes mais esquisitos não querem um rebanho a passar pelo meio da aldeia por causa do esterco e do mau cheiro que largam as ovelhas. Ora aqui está uma discriminação de bradar aos céus. Se fosse uma matilha de pastores alemães, caniches, doberman ou pitbulls a pavimentar a estrada com os intestinos não havia problema. Mas como as pobres ovelhas – que ainda por cima têm a utilidade de nos fornecer queijo e lã – não têm esse estatuto, são corridas com abaixo-assinados e queixas na câmara ou na junta de freguesia. Já dizia o escritor George Orwell na visionária fábula “O Triunfo dos Porcos” que todos os animais são iguais, mas há uns mais iguais que outros. Onde anda a igualdade entre animais afinal? E onde andam também as associações de defesa dos animais que nestes casos nunca piam. Tal como nunca os vi dobrar a espinha para limpar a porcaria que os seus protegidos deixam nos passeios. Se os amigos são para as ocasiões, então assumam-se!Manel, continua-me a fugir a mão para a canzoada. E não resisto a contar-te mais uma. Só no mês passado conheci dois cães e um gato chamados Simão. E é bom que se esclareça que já conhecia também canídeos como o Lourenço, o Gastão e o Aníbal, entre outros, que me deixam com saudades dos tempos em que havia rafeiros com nomes normais como Fodinhas, Trombone ou mesmo Tejo. Aqui está uma incongruência que merecia uma tese de doutoramento na área da psicanálise. Enquanto alguns indígenas põem nomes “bem” e que estão na moda a seres de quatro patas, outros nativos desta descorçoada pátria carimbam desgraçadamente para toda a vida os seus rebentos com nomes como Cátia Vanessa, Sheila Daniela ou Ruben Eufrásio. Vamos lá ver as coisas como elas são: um Lourenço a alçar a perna contra um poste ou a farejar um pneu são actos que não condizem com o nome de quem os pratica. Não bate a bota com a perdigota, como se costuma dizer. Para os mais puristas já bem basta ver um Simão a jogar à bola num clube do povão como o Benfica. Cada macaco no seu galho. Duvido que encontres a vender DVD piratas na feira um Martim ou um António Maria. Tal como dificilmente vais encontrar na lista de assessores dos nossos ministros um Tibúrcio, um Gervásio ou mesmo um Alfredo. As coisas são mesmo assim. Mas se continuarmos por este caminho, não sei. Quando surgir o primeiro bebé baptizado como Tareco ou Bóbi não venham dizer que não avisei.Um abraço do Serafim das Neves

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