O trabalho desenvolvido nos bombeiros e no gabinete de protecção civil de Benavente evidenciou as qualidades de Miguel Cardia. O presidente da câmara, António Ganhão (CDU), admirador confesso do comandante, não resistiu a convidá-lo para integrar a sua equipa.“Foi uma decisão difícil. A reflexão foi tão profunda que cheguei a ter necessidade de comparar a minha noção de política com a de vários dicionários, onde o significado mais forte da palavra política é administrar bem os interesses públicos”. No entanto ainda hoje prefere a sua definição: “ajudar as pessoas a resolver os seus problemas, e é o que tento fazer todos os dias”, diz.Miguel Cardia acumula as funções de comandante com as de coordenador da protecção civil e as de vereador. O autarca faz ponto de honra em deixar a política para lá da parada e nunca entrar no quartel. Apesar do vereador passar todos os dias pelo gabinete de comandante.Apontado por alguns como um possível sucessor do presidente Ganhão, o jovem vereador garante que está a cumprir uma missão com um horizonte temporal definido para quatro anos. “Não tenho ideia de fazer carreira política. Gosto do que estou a fazer, mas sou bombeiro de coração”.Agora que existem licenciaturas na área da protecção civil, Miguel Cardia quer aprofundar os estudos e valorizar-se como técnico. A literatura que o acompanha é maioritariamente técnica e está relacionada com a sua área de intervenção. O trabalho realizado na protecção civil em Benavente é apontado como um exemplo nacional. O município foi dos primeiros a fazer a revisão do Plano Municipal de Emergência e testa com frequência os planos de evacuação das escolas. A sensibilização chega a casa de todos os munícipes com informação preparada pelo serviço sobre as várias catástrofes possíveis e as formas de agir perante o acidente ou incidente.