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Uma mulher no seu ambiente

Maria João Botelho é a directora do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros
Tem 55 anos, dois filhos e dois cursos superiores. Apaixonada pela natureza desde criança Maria João Botelho gere há 15 anos o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. Uma tarefa apaixonante mas dura. Já viu uma decisão sua contestada…a tiro.Até aos 12 anos Maria João Botelho, a mulher que hoje é directora do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC), viveu no concelho do Cadaval. Foi na pequena aldeia de Figueiros que se apaixonou pela Natureza.A filha do médico da terra - uma espécie de João Semana - nascida em Lisboa, costumava acompanhar as actividades agrícolas dos lavradores na aldeia. Seguia atentamente a época das vindimas, as ceifas e observava com entusiasmo a colheita da fruta no concelho, onde mais tarde viria a ser presidente de câmara.A mãe de Maria João Botelho, filha de proprietários agrícolas, tinha o curso de piano. Mas nem a música, nem a medicina, deslumbraram a jovem. O ambiente e o mundo rural marcaram-na para toda a vida. Fez essa opção quando vestiu a capa negra de estudante universitária no início dos revolucionários anos 70. Frequentou dois cursos superiores em simultâneo: arquitectura paisagística e engenharia agrónoma. Participou na organização de uma campanha de sensibilização para os alunos dos “Liceus de Lisboa” sobre os problemas do ordenamento do território, da poluição e do ambiente. Foi ainda como universitária que participou na revisão do Plano Director de Lisboa. O primeiro emprego foi no Fundo de Fomento da Habitação. Maria João Botelho, 55 anos, é directora do PNSAC desde 1986 – fez um interregno entre 1996 e 2001 período em que foi presidente de Câmara do Cadaval (PS). Assegura também a presidência da Comissão Directiva da Reserva Natural do Paul do Boquilobo em Torres Novas, e é responsável pela gestão da Mata dos Sete Montes, em Tomar, e dos Açudes do Monte da Barca e da Agolada, em Coruche.Uma palavra resume a maneira de ser da arquitecta: pragmatismo. Na vida e no trabalho. “Para mim é fundamental poder concretizar projectos e avaliar os resultados, no terreno”, diz Maria João Botelho que no dia a dia retira do guarda-fato a roupa mais prática. A indumentária formal está reservada para os dias que exigem uma opção mais clássica.O quartel-general da directora do PNSAC é em Rio Maior, mas desloca-se quase diariamente para acompanhar os diversos assuntos. Uma das batalhas é livrar a Reserva Natural do Paúl do Boquilobo, a única Reserva da Biosfera de Portugal – o seu “paraíso” – de um grave problema de poluição. Maria João Botelho divide-se entre a casa de Figueiros, no Cadaval, e a casa de Lisboa, onde não há lugar para um jardim – a arma poderosa que já elegeu para combater o stress. Mas é lá que passa mais tempo. Para estar perto dos filhos que lá estão a estudar. A filha de 19 anos é uma futura advogada. O filho, 24 anos, seguiu a área de agronomia. Como é que se pode ser mulher, mãe e profissional com uma carreira exigente ao mesmo tempo? Maria João Botelho responde com a tranquilidade que imprime em tudo o que faz. “Quando eram pequenos levava-os comigo. Acho que é importante que os filhos saibam o que as mães estão a fazer quando não estão com eles”.Compatibilizar a vida pessoal e profissional não é fácil, mas Maria João Botelho nunca cedeu às contrariedades. A condição de mulher, em vez de limitar-lhe os movimentos, deu-lhe forças. “Há formas diferentes de equacionar os problemas, o que às vezes acho que é uma vantagem”. Ana Santiago

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