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O poeta virtual

Editora brasileira lançou livro electrónico de Eugénio de Sá

Aos 59 anos Eugénio de Sá cruzou-se com a poesia. Em pleno mar. Um ano e meio depois os poemas do autor do Sobralinho já cruzam o atlântico nas páginas de um livro electrónico.

Eugénio de Sá senta-se frente ao ecrã plasma do computador no escritório do seu terceiro andar no Sobralinho, Vila Franca de Xira. Um livro de lombada grossa surge em primeiro plano, ouve-se uma melodia clássica e o poeta, 61 anos, ex-publicitário, começa a folhear o seu primeiro livro electrónico.“Foi neste mar de Portugal/ ao largo das alcantiladas penedias da Roca/ onde a terra penetra fundo no Atlântico/ que me senti pela primeira vez poeta”.“Talvez… o último poema” foi escrito em Cascais a bordo do barco onde o poeta descobriu a inspiração e mergulhou na aventura da poesia. Um ano e meio e mais de 200 poemas depois Eugénio de Sá reuniu alguns dos escritos e compilou-os no primeiro livro. Uma obra electrónica com a chancela da editora brasileira e-book Olga Kapatti.O livro, com prefácio do poeta brasileiro Humberto Rodrigues Neto, foi lançado na rede das redes há uma semana a partir do Brasil http://www.editora.ebook.olga.kapatti.com.br, mas a caixa de correio do autor está já pejada com centenas de mensagens de felicitações. Do Brasil à Argentina, passando pelo Chile.A solidão que afecta muitos milhões ajuda a explicar, na opinião do autor, o sucesso que os poemas estão a registar além-mar. “As pessoas temperam a solidão com a poesia e com o contacto com as outras na Internet. Cria-se um mundo de afectos, de delicadeza e sensibilidade”, diz Eugénio de Sá que acredita que a esmagadora maioria serão mulheres sós entre os 50 e 55 anos.Eugénio de Sá, um dos 101 poetas da Academia Virtual Poética Brasileira de que fazem parte apenas três autores lusos, fala do livro digital como se de um livro convencional em papel se tratasse. “Atendendo à importância que tem hoje a Internet lançar um livro digital é interessante. Está mais viva, mais latente, a possibilidade de receber o feedback”. Por outro lado o e-book facilita o acesso gratuito a quem não tem possibilidades de adquirir um exemplar em papel.O poeta reconhece que lançar um livro em papel é importante, mas não está disposto a ceder a publicação de uma pequena edição para contento de família e amigos. “Ou edito a nível nacional ou então não vale a pena e não lanço o livro em Portugal”, diz o autor que já recebeu alguns contactos de editoras lusas.Eugénio de Sá já está imortalizado no logótipo que concebeu para a Igreja dos Pastorinhos, em Alverca. Não é o dinheiro que o move, mas o prazer de fazer poesia. Sempre de olhos postos na ética. “A poesia é feita de ternura, de amor, de redenção/E mesmo com a revolta sufocada/A mão que a escreve não devolve a agressão/ Porque o dom do poeta é feito de perdão/ E do amor ao sonho, pelo sonho, e mais nada”.Ana Santiago

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