uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Conduta colide com aqueduto dos Pegões

Convento de Cristo diz que não foi informado sobre a obra da Águas do Centro

O troço inicial do aqueduto, junto à nascente, pode ter sido danificado pela passagem da conduta de água.

A construção de uma conduta de água pela empresa Águas do Centro, executada o ano passado para fazer a ligação entre dois reservatórios (Carregueiros e Vale do Calvo, concelho de Tomar) poderá ter danificado a galeria subterrânea do troço inicial do aqueduto dos Pegões.O director do Convento de Cristo, que é também responsável pelo aqueduto, só soube da obra há cerca de dois meses, depois de alertado por técnicos do convento que se tinham deslocado ao local.Jorge Custódio diz que quer o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) quer o próprio convento deveriam ter tido conhecimento da realização da obra antes de ela avançar no terreno. “De certeza que o IPPAR não soube da construção porque nos teria solicitado um parecer sobre a mesma, o que não aconteceu”, refere o director do Convento de Cristo, que já mandou fazer um relatório pormenorizado sobre os factos. Para “poder doravante actuar em conformidade”. O relatório será depois enviado ao IPPAR, organismo que tutela o monumento e se se verificar que a obra em causa danificou o troço inicial do aqueduto o assunto seguirá para contencioso.“Poucos sabem que no troço inicial, precisamente onde a conduta de água foi construída, há uma galeria subterrânea que capta água e que é depois encaminhada para um pequeno emissário, também subterrâneo” explicou a O MIRANTE o técnico do Convento de Cristo encarregue de fazer o relatório.Rui Ferreira refere que na visita que fez ao local pôde verificar que a caixa de visita colocada pelas Águas do Centro lhe permitiu observar o trajecto da conduta, que terá passado perpendicularmente à conduta de pedra do aqueduto. E, nesse caso, a obra teve de ser feita por cima do emissário subterrâneo do monumento. “Dificilmente puderam fazer isso sem danificar a nascente”, afirma o técnico.O director da Águas do Centro, Duarte Silva, diz desconhecer completamente a situação, nomeadamente no que respeita ao tal reservatório subterrâneo existente no local, adiantando que irá de imediato esclarecê-la junto dos responsáveis do Convento. Salienta no entanto que a empresa trabalha com uma equipa de arqueólogos e que, aquando da passagem de uma conduta de água junto a outro troço do aqueduto, o IPPAR foi informado.Levar água ao ConventoA situação foi descoberta por mero acaso, quando técnicos do Convento de Cristo se deslocaram à primeira nascente do aqueduto, no âmbito de um projecto de restauro do monumento e do seu aproveitamento económico.Jorge Custódio pretende que a água das nascentes abasteça de futuro o Convento de Cristo, possibilitando uma poupança de seis mil euros anuais em água. O objectivo é restaurar para já os primeiros dois quilómetros do monumento, uma obra de engenharia hidráulica do século XVII. Mais tarde, refere o director do convento, serão também recuperados os restantes quatro quilómetros, até à primeira nascente.A recuperação visa facilitar a bombagem da água que virá não só das nascentes mas também de um furo artesiano que será feito. “Temos de aproveitar as potencialidades não só turísticas como económicas do monumento”, salienta o director do Convento de Cristo, adiantando que o IPPAR “sabe bem do significado económico” que o projecto trará para o convento.Margarida Cabeleira

Mais Notícias

    A carregar...